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Identidade, tradição e o agora
Decidi rever no celular as fotografias tiradas durante o Festival de Curitiba em março deste ano. Há alguns dias relia as anotações do festival escritas num caderno e era como se faltasse uma memória que iluminaria um rastro atravessando tantas páginas sobre espetáculos, debates, encontros, cafés.
Escrever sobre um festival com tanto tempo passado tem suas especificidades. É minha segunda experiência com esta proposição (a primeira foi no FIAC 2015) e agora algumas operações tornam-se mais definidas. Destaco aqui uma: na primeira vez, a ideia foi reunir o máximo de anotações e documentos possíveis – uma tentativa de prevenção ao esquecimento. Desta espécie de fichamento um olhar sobre a curadoria do festival emergiu, e a escrita se desdobrou nesta perspectiva de admitir o todo do evento como objeto da crítica.
Anotações de viagem: FIAC 2015
Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf
English version: http://www.questaodecritica.com.br/2016/04/notes-along-the-way-fiac-2015/
Resumo: O texto tece considerações sobre o pensamento curatorial que estrutura o festival, realizando uma análise dos espetáculos a partir de cinco categorias transversais: cartografia, corpo, musicalidade, mostra baiana e espectador. Tais categorias representam possíveis recortes na programação do evento, podendo ser lidos de maneira autônoma, sem pretensão de esgotamento das relações entre os trabalhos artísticos.
Palavras-chave: FIAC Bahia 2015, cartografia, corpo, musicalidades, espectador
Abstract: Remarks about the curatorial thought of FIAC, Bahia’s international festival of theater arts and performance. For the 2015 edition, the text analyses the works through a series of five horizontal concepts: cartography, body, musicality, local plays and spectator. These categories represent different and independent ways of looking at the festival’s program, without exhausting other possibilities of critical thinking among the works assembled.
Keywords: FIAC Bahia 2015, cartography, body, musicality, spectator
Durante os dez intensos dias do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia – FIAC 2015, assistimos a dezoito trabalhos de artes cênicas oriundos de cinco estados brasileiros – Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal – e de quatro outros países além do nosso – França, Espanha, Bélgica e Itália. A quantidade de obras somada a esta abrangência geográfica foram desafiadoras desde o início para a escrita deste texto.
Frente ao programa impresso do evento, circulamos à caneta, na tentativa de abarcar toda a programação, a rotina dos nossos próximos dias. Ainda assim, dois trabalhos não puderam ser vistos – Biomashup (de Cristian Duarte, SP), devido à sobreposição de horários e Clean Room – 2nd Season (de Juan Dominguez, Espanha), por razões que serão esclarecidas mais à frente.
Overdrive
Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015
Resumo: A crítica de Caranguejo Overdrive, d’Aquela Cia., com direção de Marco André Nunes e dramaturgia de Pedro Kosovski, reflete sobre conceitos de conflito e sua representação na forma da cena, e aproxima a estética do corpo sem órgãos artaudiano da interpretação dos atores.
Palavras-chave: conflito, forma, estranhamento, teatro político, corpo sem órgãos, Manguebeat
Abstract: This review of Caranguejo Overdrive, a play by Aquela Cia., directed by Marco André Nunes and written by Pedro Kosovski, reflects on different concepts of conflict and its representation on stage. It also approaches the artaudian aesthetic theory of the body without organs concerning the actors work.
Keywords: conflict, form, strangeness, political theater, corpo sem órgãos, Manguebeat
Beat
Na segunda vez que fui assistir ao espetáculo, conversei com o diretor Marco André Nunes por algum tempo do lado de fora do Sesc Copacabana. Uma memória de infância me levou a perguntar sobre os caranguejos que fazem parte da cena; sobre como eles são mantidos e de onde vêm. Marco André disse que detém autorização legal para usar os animais e que todos são recolhidos de um restaurante, antes de virarem comida (ciclos). Porém, durante o processo, a equipe teve que aprender a cuidar dos caranguejos, e nesse decorrer alguns animais morreram. As suposições levaram a mudar os animais de espaço e alimentação, e, embora caranguejos não possam comer alface (“alface nunca!”) e o trato com os mesmos tenha se tornado mais delicado e habilidoso, ainda assim, as mortes não eram evitadas. Acontece que a equipe usava apenas um caranguejo de cada vez, e segundo pesquisa dos atores, caranguejos não podem ficar sozinhos. A solidão torna o caranguejo letárgico e inativo, paralisando-o e o levando à morte. Caranguejos precisam de outros caranguejos. Para brigarem. Para que se mexam. A vida do caranguejo depende da existência da ameaça, do conflito. Do outro.
Para além do caranguejo
Vol. VII, nº 63, dezembro de 2014
Resumo: O ensaio pretende refletir sobre aspectos particulares do processo criativo que foi apresentado ao público em setembro de 2014 no Teatro Dulcina, durante a ocupação Dulcinavista. Diante das ambiguidades existentes entre uma obra em processo e uma obra completa, pensam-se os próprios rumos possíveis do trabalho em construção, que parece se colocar frente ao espectador, inevitavelmente, como questão em aberto.
Palavras-chave: Obra, Processo, Estética da pobreza
Abstract: The essay intends to reflect on certain aspects of the creative process that was presented to the public on September 2014 at Teatro Dulcina, during the artistic occupation called Dulcinavista. Facing the ambiguities between a work in progress and a finished one, the author considers the spectator’s point of view and projects the future creative paths that end up showing themselves as open questions.
Keywords: Work, Process, Aesthetics of poverty