Tag: Alexandre Dal Farra
Sobre a escrita da Trilogia Abnegação – um relato parcial
Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015
Resumo: O dramaturgo Alexandre Dal Farra procura mapear as questões que perpassam as suas últimas peças, desde Mateus, 10, passando por Abnegação I e II. A partir de um olhar para o próprio processo de criação, o autor tenta entender os reais “temas” de que as peças tratam, na busca, inclusive, de apontar um caminho para a escrita da última parte da Trilogia Abnegação.
Palavras-chave: violência, perversidade, política, Partido dos Trabalhadores
Abstract: Playwright Alexandre Dal Farra seeks to map the issues that underlie his recent work, from Matthew, 10, through Abnegation I and II. From a look at the very process of creation, the author tries to understand the real “subjects” of the pieces, seeking even to point out a path for writing the last part of his Abnegation Trilogy.
Keywords: violence, wickedness, politics, Partido dos Trabalhadores (Workers Party)
Devaneio metateatral sobre a cultura das aparências

Em 1943, quando o diretor polonês Ziembinski estreou sua versão para a peça Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, quem estava na plateia talvez não pudesse suspeitar que, naquela noite, o teatro brasileiro inaugurava historicamente sua fase moderna. No entanto, era inegável o estranhamento gerado pela opção rodrigueana de concentrar toda a ação cênica na cabeça da protagonista Alaíde. Após ter sido atropelada e chegar à sala de cirurgia entre a vida e a morte, a personagem se tornou marco de nossa dramaturgia ao oscilar entre os planos da memória, da realidade e da alucinação.
É também a estranheza fragmentária e lacunar gerada pela sobreposição de planos um dos pontos de contato mais fortes entre Vestido de noiva e o novo espetáculo do Grupo XIX de Teatro, Nada aconteceu, tudo acontece, tudo está acontecendo, livremente inspirado na obra clássica de Nelson e com dramaturgia criada pelo grupo em parceria com Alexandre Dal Farra. A direção é de Luiz Fernando Marques e Janaina Leite.