Autor Ana Bigotte Vieira
Considerações sobre um Museu da Dança
Musée de la danse: Expo Zéro é uma exposição sem obras: sem fotografias, sem esculturas, sem instalações e sem vídeos. Sem nenhuma coisa, nenhum objecto estável. Nada a não ser artistas e áreas ocupadas pelos gestos, projectos, corpos, histórias e danças que cada um vê ou imagina.
Partindo deste princípio, dez personalidades (artistas, arquitectos, teóricos…) estiveram em residência na St. Patrick’s Old Cathedral School, [uma velha escola que durante o Performa 11 funcionou como Performa Hub, sede do festival]. Depois de três dias juntos no espaço da escola ,estas personalidades apresenta[ra]m aos visitantes as suas próprias visões, subjectivas e utópicas, do que um “museu da dança” pode ser.
Dood Paard: O Judeu
Nota: Foi mantida a grafia do português de Portugal.
“Dood Paard é um coletivo experimental de vanguarda. O grupo trabalha sem diretor. As produções se dão em um processo coletivo, durante o qual os atores trabalham juntos com técnicos permanentes e – dependendo do projeto – com um DJ, escritores, músicos e, muitas vezes, atores convidados.” in: http://www.nl-berkshires.org/art/doodpaard.html
O judeu integrou a programação do Festival de Almada 2011, no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
ANA: Na ficha técnica de O Judeu aparece escrito “um espectáculo pelos actores e pelos técnicos”. Como é trabalhar num grupo que se define como um colectivo experimental, a trabalhar sem encenador (1)?
O meu local de trabalho é um apartamento no Marquês de Pombal
A grafia em português de Portugal foi mantida, conforme o original.
A meio do espectáculo Velocidade máxima, um dos três prostitutos com quem John Romão, o encenador, co-criou o espectáculo dirige-se ao público em tom confessional e interpela-o com uma pergunta intrigante:
“Eu tomo hormonas para o meu corpo ficar mais inchado, mais bonito e atraente. É uma aposta no negócio.(…) O problema é que com estas hormonas fico sem erecção. Para mim é um sacrifício porque quando as tomo não posso trabalhar e não ganho dinheiro e isso deprime-me, mas faz-me valorizar o investimento. Durante este período com hormonas penso em muita coisa mas quase sempre na minha casa e na minha mãe. E eu me pergunto o que é resistência: Insistência ou desistência? Eu não me sinto seguro ao fazer aquilo que faço e sei que não será para sempre. É uma medida de emergência para pagar algumas dívidas. Eu nem sei se quero viver para sempre na Europa (…)”
O que é resistência? Insistência ou desistência? Eis a pergunta que o jovem prostituto deixa no ar, aquilo em que pensa antes de pensar em segurança de vida.
Seis meses, a mesma cidade, dois grandes festivais
Nota: A grafia em português de Portugal foi mantida conforme o original enviado pela autora.
Andava eu há já algum tempo a pensar em escrever sobre a minha experiência ao acompanhar o BAM (Brooklyn Academy of Music) NextWave Festival 2010 quando, de repente, recebi por mail a newsletter de Questão de Crítica – revista electrónica de críticas e estudos teatrais onde me deparei com o texto de Walter Daguerre RADAR encontra RADAR – Breve nota sobre um festival de teatro experimental em Nova York. E o texto ecoou em mim por várias razões: estando a viver em NYC desde setembro, a seguir ao BAM Next Wave (que terminou em dezembro) também eu acompanhei o festival Under the Radar (que começou em janeiro).