Seis meses, a mesma cidade, dois grandes festivais

Notas soltas sobre dois festivais novaiorquinos – BAM Next Wave 2010 e Under the Radar 2011

24 de abril de 2011 Estudos
The marriage of Maria Braun. Foto: Julieta Cervantes.

Nota: A grafia em português de Portugal foi mantida conforme o original enviado pela autora.


Andava eu há já algum tempo a pensar em escrever sobre a minha experiência ao acompanhar o BAM (Brooklyn Academy of Music) NextWave Festival 2010 quando, de repente, recebi por mail a newsletter de Questão de Crítica – revista electrónica de críticas e estudos teatrais onde me deparei com o texto de Walter Daguerre RADAR encontra RADAR – Breve nota sobre um festival de teatro experimental em Nova York. E o texto ecoou em mim por várias razões: estando a viver em NYC desde setembro, a seguir ao BAM Next Wave (que terminou em dezembro) também eu acompanhei o festival Under the Radar (que começou em janeiro).

Mas, curiosamente, à excepção do espectáculo Bonanza dos Berlin, que eu já tinha visto em Lisboa no Festival Alkantara 2008, e do espectáculo de Daniel Kitson The Interminable Suicide of Gregory Church, nenhum dos espectáculos vistos por Daguerre coincidem com os que vi – o que é tanto mais surpreendente quanto a experiência de descoberta da cidade com as suas salas, e a festa de seguir assim um festival disperso por tantos espaços tem muito de comum. E foi isso, penso, que ecoou em mim e me levou a pensar em escrever um texto que pudesse, de algum modo, entrar em diálogo com outro. Isso e a experiência tão diferente de acompanhar dois festivais nova-iorquinos um a seguir ao outro. Porque se, por um lado, o BAM Next Wave – um histórico festival “de outono” que tem como palco a Brooklyn Academy of Music – se estendeu ao longo de quatro meses e se transformou em uma espécie de rotina (todas as semanas eu ia ao centro de Brooklyn ver um espectáculo novo, geralmente de grandes dimensões, ao Harvey Theater, a sala da BAM que lembra as Bouffes du Nord em Paris [1]), o Under the Radar assemelhou-se mais a uma maratona intensiva de pequenos espectáculos experimentais, associada a vários espaços da downtown de Manhattan. Duas experiências muito diferentes em duração (uma em dez dias e outra ao longo de quatro meses), em localização na cidade (uma em Brooklyn e numa instituição apenas, e outra na downtown de Manhattan, espalhada por vários espaços) e em tipo de propostas (grandes espectáculos no BAM Next Wave e pequenos espectáculos experimentais no Under the Radar), portanto.

Under The Radar

Ao contrário de Walter Daguerre, eu cheguei a este festival não sozinha, não no primeiro dia, e não sem saber ao que ia, mas acompanhada por uma rapariga também a viver temporariamente em Nova Iorque que fui conhecendo melhor ao longo do festival e que agora é minha amiga (e viva o espaço afectivo que às vezes os festivais proporcionam!). À diferença de Daguerre, nós íamos aconselhadas por 2 portugueses, ambos especialistas em teatro, um dos quais programador e presença habitual neste festival. Assim, de uma longa lista de espectáculos e de lugares dos quais eu apenas conhecia alguns, sugeriram-me, não tendo eu tempo para ver tudo, uma lista de nomes: New York City Players, Gob Squad, David Greenspan, Motus, Daniel Kitson, Taylor Mac, Zachary Oberzan e Berlin (este eu já conhecia). A questão continuava a ser como escolher.

Para começar, e uma vez que estávamos a trabalhar durante o dia, decidimo-nos por três espectáculos que acabámos por aumentar para quatro (os quatro de que aqui darei conta) – depois cinco, seis. Infelizmente já não conseguimos ver o Being Harold Pinter do The Bielorruss Free Theater, que nos foi várias vezes apontado como um dos mais interessantes do festival. Soube à posteriori que se tivéssemos “tentado entrar” na sua reposição no Public Theater no último dia do festival tal teria sido possível. Mas como poderíamos saber de antemão? E não conhecendo ainda as dinâmicas da cidade…

Too Late, Motus

Para mim, este festival começou a um domingo, às 2 da tarde, no Public Theater depois de uma correria desalmada entre a estação de metro onde o comboio decidiu parar e o Public Theater, na Lafayette Avenue. É que ao fim de semana o metro, que durante a semana funciona tão bem, é dado a inesperadas mudanças de humor, parando e mudando de trajecto quando menos se espera. Não obstante isso, conseguimos chegar a tempo e entrar na sala escura do teatro onde nos fizeram subir para o palco e nos sentaram em duas filas no chão – lado direito e lado esquerdo, ao meio uma espécie de passadeira.

Íamos ver Too Late dos Italianos Motus, onde um homem Vladimir/Creonte e uma mulher Sílvia/Antígona, quase sem adereços e com pouco mais do que os seus corpos, uma mesa e alguns marcadores, lutam por um poder que não se deixa bem apreender na sua totalidade. Uma luta semelhante à que se vive hoje na Europa entre gerações ou entre modos de organização do mundo, poder-se-ia dizer, tendo em conta a quantidade de referências e de pontes para a contemporaneidade que o espectáculo nos dá.

Agora, à distância de mais de um mês, o que mais me impressionou nesta encenação foi a extraordinária interpretação da andrógina actriz Sílvia Calderoni que, de corpo muito magro e tronco nu é perfeitamente capaz de (ali à nossa frente, apenas a alguns passos e ao mesmo nível, já que estamos sentados no chão) se transformar num cão raivoso que durante longos minutos dá cabo de uma máscara de Berlusconi. De facto, e sobretudo para quem conhece a situação italiana, há em Too Late uma energia que nos dá a entender o quanto uma certa Itália está farta – realmente farta – do poder velho que há tantos anos a governa. E como esse cansaço (que é também desespero e que é também coragem) se exprime no corpo – um corpo que se dá em raiva, se transforma em animal e se oferece como superfície de inscrição onde a actriz escreve palavras de revolta e de afirmação. Por muito que os Berlusconis continuem lá, haverá sempre como resistir e quem o faça.

Vision Disturbance, New York City Players

Quando se segue um festival muitas vezes procura-se encontrar pontos de contacto entre os espectáculos. Assim, depois de Too Late, cheguei a Vision Disturbance dos New York City Players, com encenação de Richard Maxwell, sem grandes expectativas mas com a ideia de que não ia ver uma encenação convencional, de que me confrontaria novamente com uma experiência de “devised theater” – o que absolutamente não aconteceu.

Vision Disturbance é o primeiro espectáculo da iniciativa de apoio à nova dramaturgia dos New York City Players em que são levados à cena textos de dramaturgos em início de carreira. Neste espectáculo, uma encenação absolutamente clássica de um texto narrativo escrito por Christina Masciotti, perturba-nos o facto de se adivinhar de antemão o fim da história mas não conseguirmos deixar de seguir a narrativa, tal a sua encenação (minimalista, em palco só há uma cadeira e dois actores) está bem conseguida. Dos espectáculos que vi, esta foi a encenação que, na simplicidade da sua mestria, mais me surpreendeu. Curioso é que também aqui o público está sentado no palco, não já no chão nem de lado, mas numa plateia ao fundo da cena virada para a caixa/estrado de madeira que constitui o cenário de Vision Disturbance e que no final, como que por magia, se abre e nos revela a plateia do teatro onde os protagonistas da história vão inventar uma nova vida.

The Interminable Suicide of Gregory Church, Daniel Kitson

À semelhança de Walter Daguerre também eu não consegui seguir atentamente este espectáculo, um longo monologo género one men show a meio caminho da stand-up comedy em que um actor, no centro do um terreiro com plateias altas dos quatro lados, fala ininterruptamente durante uma hora e meia. Na minha opinião, tanto a interpretação como a encenação eram demasiado descuidadas e cheias de tiques para me conseguirem “agarrar” pela energia de representação, já que o texto também o não fez.

Living in Exile, American Vicious

Em Living in Exile, de Jon Lipsky e encenado por Christopher McElroen e os American Vicarious, o público – não mais de 15, 20 pessoas – é convidado a instalar-se em sofás numa sala de estar no segundo andar do La Mama. Como nas boas salas de estar, ao centro há uma (neste caso várias) televisões. Ao público são dados auscultadores, comida (aperitivos, vinho), e os actores, vestidos entre o militar e a túnica grega, interpelam-no directamente. Trata-se de uma experiência íntima, directa, e as poucas pessoas que conseguiram ter bilhete sentem-no bem – somos recebidos como hóspedes numa casa e cada um de nós é tido em conta na sua singularidade de visitante.

É um espectáculo de dramaturgia complexa e cheia de pormenores que leva a sério a metáfora da guerra que nos “entra pela sala de estar” (regra geral, por via da televisão) e a transpõe para o acto teatral, socorrendo-se para tal da Ilíada de Homero. Assim, entre sequências de vídeo apresentadas na televisão, narração ao vivo no espaço apertado da sala de estar (atravancada de móveis e de televisões), e narração que, embora ao vivo, é mediada pelos auscultadores que o público coloca nos ouvidos, é do esforço continuado da guerra que se trata: o actor principal (de pé, à nossa frente) é um soldado de botas da tropa e comportamento limite. E o espectáculo, por vezes visceral e violentíssimo a pouco menos de um passo do público – como quando são destruídos dois tijolos de cimento à martelada – mostra-nos um território (o nosso, o dos USA, o dos países membros da NATO [2]) permanentemente em guerra, com tudo o que isso implica de distorção da normalidade quotidiana e instauração de um estado de excepção que se torna norma.

BAM Next Wave Festival 2010

Acompanhar o BAM Next Wave Festival na íntegra, do início de setembro ao fim de dezembro, é, acima de tudo, habitar uma cidade por uma temporada – neste caso Nova Iorque durante o outono. E no outono, mesmo nas cidades que nunca param (como é o caso), há sempre como que um recomeço ou uma espécie de “novo fôlego”. Um recomeço, entre outras coisas, marcado por iniciativas tão concretas como este histórico festival (começou em 1983) “dedicado a artistas emergentes e a mestres modernos que continuem a inovar” e cuja missão é apresentar “obras audaciosas a um público audacioso”.

Assim, entre setembro e dezembro de 2010 todas as semanas (ou quase) eu fui à Brooklyn Academy of Music ver um novo espectáculo, nove ao todo. À medida que o tempo foi arrefecendo, fui reencontrando caras conhecidas por entre o público, cada vez mais agasalhado. E na cidade (na escola, entre artistas, mesmo entre amigos não ligados “ao meio”) fui sentindo os ecos dos espectáculos que foram passando, ouvindo discuti-los, sentindo como se constituem em parte integrante do que se viveu. E como, por muito consumo que sejam, são sempre também qualquer coisa outra para além disso.

Neste texto tentarei não proceder a uma crítica exaustiva de cada espectáculo, mas recolher algumas das memórias muito particulares e desordenadas, por vezes mesmo pouco científicas que me ficaram – imagens, temas, sensações atmosferas. Avançarei semana a semana, chamando-lhes semana 1, semana 2, etc… correspondendo cada uma delas à ordem pela qual eu vi os espectáculos (e que não é necessariamente a ordem exacta do Next Wave, dado que em outubro eu saí da cidade por uns dias e houve iniciativas que não acompanhei).

Semana 1: Delusion, Laurie Anderson

Para mim o BAM Next Wave começou com Delusion de Laurie Anderson (de quem sou grande fã) e que para mim é um dos tais “mestres modernos que continuam a inovar” que o festival se empenha em apresentar. Um “mestre” perfeitamente nova-iorquino que eu ia ter o prazer de ver “em casa”: Anderson esteve pela primeira vez no Next Wave em 83 e desde então tem-se tornado presença regular. No entanto, e não obstante o meu entusiasmo de recém chegada, Delusion apareceu-me inesperadamente como um espectáculo triste onde a performer – sozinha à boca de cena com o seu violino atrás dois músicos de presença discreta e, em pano de fundo, enormes projecções de paisagens e espirais orientalizantes – nos conta pequenas histórias da infância e da América, entrecortadas por música tibetana e do oriente. Segundo Anderson, são histórias duras que abordam “questões demasiado complicadas para serem respondidas, tais como: como é que era a minha mãe? Como é que eu vou morrer? Coisas de que não falamos mas que muitas vezes influenciam o nosso comportamento e de um modo altamente codificado. Não psicanálise, mas poesia”.

Delusion. Foto: Rahav Segev.

Semana 2: Vollmond, Pina Bausch

Vollmond (literalmente Full moon/Lua cheia) foi o espectáculo de Pina Bausch, outra presença regular na BAM desde 1984, instituição onde apresentou a maioria – senão todas – as suas obras que vieram a Nova Iorque, que pude ver na segunda semana no BAM Next Wave Festival. Pouco mais de um ano passado desde a morte da importante coreógrafa, ele teve o sabor de última obra que, porém, poderia não ser a última, ou pelo menos foi assim que eu o aguardei e porventura o vi.

Vollmond, cujas belíssimas imagens cénicas atestam e comprovam a mestria inigualável de Pina é, na minha opinião, um espectáculo leve e vitalista como os da sua última fase a que correspondem alguns dos seus mais recentes trabalhos sobre as cidades. Tendo como único cenário um meteorito situado do lado direito de um palco que, a dada altura, se enche de água porque chove, Vollmond dá-nos a ver uma natureza feroz mas redentora onde homens de fatos de gala e mulheres de vestidos compridos se encontram e desencontram em gags e situações sucessivas, muitas vezes ditadas pela intensidade da música.

Semana 3: The deer house, Jan Lawers, Needcompany

Espectáculos há que nos ficam mais na memória do que outros e a minha memória de The deer house de Jan Lawers e os Needcompany é muito fragmentária. Lembro-me de a companhia ser muito numerosa; o espectáculo longo; o tempo da representação nem rápido nem lento; de haver muitos adereços em cena; de as pessoas terem orelhas em bico e se misturarem com animais ou se vestirem com peles; de ser falado alternadamente em inglês e em francês e de ter legendas; de ter partes inusitadamente dançadas em uníssonos de dança contemporânea perfeitamente coreografados e de o seu texto conter partes de vários géneros (entre o diálogo teatral e o descritivo/documental a partir de uma história humanitária passada durante a guerra do Kosovo), de oscilar entre a narrativa na primeira pessoa e texto dramático. De não me ter prendido totalmente a atenção.

Semana 4: Empty Moves, Prejlocaj

Depois de uma ausência de 10 dias em que perdi o espectáculo do coreógrafo americano Ralph Lemon How can you stay in the house all day and not go anywhere?, de que haveria de ouvir falar o resto da minha estadia na cidade, Empty Moves de Angelin Prejlocaj foi o meu espectáculo seguinte. Um espectáculo tanto mais contrastante com a minha anterior experiência no BAM Next Wave quanto a clareza das linhas da obra (e dos corpos dos bailarinos descalços, de t-shirts coloridas e curtinhos calções pop) de Prejlocaj se dá a ver em simplicidade e elegância. Em Empty Moves o coreógrafo, alternando entre silêncio e excertos de Empty Words de John Cage (gravado ao vivo em 1977 deixando ouvir ao longe os assobios do público), brinda-nos com uma dança de inegáveis influências clássicas que mostra em calma e nos permite gozar cada gesto, cada ondulação, cada toque dos bailarinos uns nos outros. De facto, há nesta obra um gozo do corpo e da pele que se toca (pernas com pernas, braços com braços, cabeças nas costas, olhos às vezes fechados, às vezes abertos) e uma calma colorida (como se fosse verão ou como se estivéssemos em calções de desporto) que se transforma em paz e delimita todo o espaço do palco por via ora do silêncio ora da singularidade da música de Cage.

Semana 5: Raoul, James Thierré, Compagnie du Hanneton

Raoul, criado e interpretado por James Thierré (neto de Charlie Chaplin e filho de Victoria Chaplin), é um espectáculo de Novo Circo onde há um mundo que a par e passo se torna animado, uma casa que se vai progressivamente destruindo e um homem (Thierré) sozinho em palco que tem de lidar com tudo isto. São situações cómico-caricatas atrás de situações cómico-caricatas em que a beleza do cenário se conjuga com os movimentos meio hipnóticos de Thierré ao som de uma música igualmente hipnotizante que vai ditando o ritmo da acção. No entanto e não obstante a graça de situações como a do mar que se cria em torno da casa e dos monstros marinhos que nele aparecem a “incomodar” Thierré, Raoul torna-se longo. E se ao início o virtuosismo de Thierré e a beleza do cenário parecem chegar, à medida que o tempo vai passando, é a própria dramaturgia do espectáculo (que, no seu tom épico, se mantém muito semelhante ao início) o que nos impede de continuar atentos.

Semana 6: The marriage of Maria Braun, Thomas Ostermeyer

A encenação de Thomas Ostermeyer de O casamento de Maria Braun, para mim que nunca tinha visto o excelente filme de Fassbinder, foi, na mestria dos seus actores e na simplicidade (e humor!) dos recursos teatrais mínimos de que se socorre (utilizando pouquíssimos adereços, as mudanças entre personagens, ambientes e lugares são feitas pelos actores por meio de gestos mínimos) um dos espectáculos de que mais gostei de todo o NextWave.

Semana 7: Metamorphosis, Gísli Örn Gardarsson

Methamorphosis é um espectáculo meio circence em que Gardsson, o actor e encenador, como o protagonista da história de Kafka do mesmo nome, nos aparece transformado numa barata que a família fecha num quarto. Há, porém, nesta dramaturgia uma deslocação da perspectiva do sentir psicológico do humano submetido a um devir-barata (que é a perspectiva do livro de Kafka) para a o ponto de vista da sua família. Toma-se à letra a transformação de Gregory Samsa e coloca-se em cena o drama da família que tem de habitar com uma barata o que na minha opinião é uma escolha dramatúrgica discutível (perde-se em “crítica da alienação” e ganha-se em “pena”) mas que funciona em moldes imagéticos e circenses (conseguimos realmente imaginar uma barata no corpo do jovem encenador e virtuoso actor).

Semana 8: Gravity Rádio, Mikel Rouse

Para além de artes performativas o BAM Next Wave apresenta também concertos, dos quais apenas vi Gravity Rádio de Mikel Rouse, já em dezembro.

Semana 9: The hard nut, Mark Morris

Já muito perto do Natal, com as montras das lojas iluminadas, um frio de rachar e o The Nutcracker de Balanchine no Lincoln Center pelo New York City Ballet em cartaz, o BAM Next Wave acabou com The Hard Nut de Mark Morris, companhia cuja sede e escola de dança se situa em Brooklyn, quase em frente à BAM.

Sendo a primeira vez que vi um espectáculo de Mark Morris e não correspondendo o seu tipo de estética àquilo que habitualmente me agrada (sobre a estética, “retro-moderna” – inspirada nos anos 80 e 70 e na banda desenhada de Charles Burn para a música de O Quebra Nozes de Tchaikovsky – de The Hard Nut remeto para as fotos do espectáculo – disponíveis no site do festival) fiquei impressionada com a sua força, com a desmedida do seu “mau gosto”, com o virtuosismo dos bailarinos, com a energia que os anima e com o desvario da proposta (genial e péssima a um tempo só, atrever-me-ia a dizer).

The Hard Nut. Foto: Stephanie Berger

Notas:

[1] E de facto esta sala foi escolhida por Peter Brook para a apresentação do Mahabarata em Nova Iorque e depois recuperada seguindo alguns dos princípios da recuperação do Teatro das Bouffes du Nord, em Paris. Para uma visualização rápida das suas semelhanças ver http://www.bam.org/view.aspx?pid=402 e http://www.bouffesdunord.com/letheatre.cfm.

[2] Para os brasileiros, OTAN.

Leia também o texto de Walter Daguerre: http://www.questaodecritica.com.br/2011/02/radar-encontra-radar/

Ana Bigotte Vieira é dramaturgista, tradutora e investigadora. Faz o Doutoramento em Culturas Contemporâneas na Universidade Nova de Lisboa. Entre 2009 e 2012 é Visiting Scholar no departamento de Performance Studies da NYU-TISCH School of the Arts.

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