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O tom crítico da comicidade e da fantasia
![mamutes](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2012/05/foto-mamutes-590x377.jpg)
A Companhia Omondé, sob direção de Inês Vianna, encenou recentemente na Arena do Espaço SESC e no Galpão Gamboa a peça Os mamutes de Jô Bilac. Nesse primeiro texto do autor, escrito há dez anos, pode ser detectado um universo temático que seria abordado posteriormente em Serpente verde, sabor maçã (escrito em parceria com Larissa Câmara), que é uma forte crítica aos costumes de uma sociedade cada vez mais consumista e superficial, de uma infância tomada por prematura perversidade e crueldade, além de uma crítica à superficialidade nas relações afetivas nos dias de hoje (seja na esfera da família, das relações amorosas, ou entre amigos). Ambas são comédias negras carregadas de ironia e crueza, abordando o que há de mais perverso nas relações na sociedade de consumo exacerbado em que vivemos. Contudo em Os mamutes essa crítica é ainda mais eloquente e direta, provocando um riso nervoso do espectador diante das mais bizarras situações.
A artificialidade em questão
![Comédia russa](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2010/11/comédia-russa-590x393.jpg)
O espetáculo Comédia russa, texto de Pedro Brício com direção de João Fonseca, que esteve em cartaz no Teatro Nelson Rodrigues e faz sua segunda temporada, desta vez no teatro do Centro Cultural da Justiça Federal, até o dia 28 de novembro, se desenvolve a partir da metáfora que explora a comicidade do dia a dia de uma repartição pública, numa Rússia defasada tecnologicamente, encalhada na burocracia e regida pela má vontade do funcionalismo público.
Num primeiro momento da fábula, acompanhamos a trajetória do jovem Alexei (Rodrigo Nogueira) em seu primeiro dia de trabalho, depois de ter passado em segundo lugar no concurso que prestara. A situação de enfrentamento que este estabelece com a secretária Miúcha (Filomena Mancuso), a recepcionista que, antes mesmo de saber que o rapaz será seu colega de trabalho, exige dele uma série de documentos, afim de comprovar realmente se ele é a pessoa que diz ser, já deixa entrever que espécie de jogo cênico os atores vão definir como estrutura fundamental no processo de significação do espetáculo: o jogo que se instaura a partir da artificialidade na relação entre os signos.