Tag: Remo Trajano
Power to the people ou Não duvide de uma vaca
![EDYPOP 2](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2014/04/EDYPOP-2-na-prisão-590x393.jpg)
LAIO
(…) Os heróis valentes se espalharam pelos quatro cantos do mundo vivendo muitas aventuras em busca da irmã. Mas certo dia, um dos heróis cansou-se de tanto buscar. Ele falhou. Sentiu-se muito envergonhado com isso. Imaginou que jamais conseguiria voltar para sua terra e encarar seu próprio pai. Então,o herói pediu ajuda a um oráculo que lhe ordenou: “Abandonai imediatamente a busca por vossa irmã. Fundai uma nova cidade e sede rei! Quando encontrardes uma vaca, não duvideis: Segui-a! Seguireis a vaca continuamente e não olhareis para trás. Na terra em que cair a pobre vaca fustigada pelo cansaço vós fundareis uma cidade”. Esta é história desta cidade. A história do pai do pai do pai do pai do papai. Hoje eu sou o rei e um dia será sua vez. (…)
Trecho de Edypop, de Pedro Kosovski
Introdução
Edypop estreou em janeiro de 2014 no Espaço Sesc, em Copacabana, e faz segunda temporada no Espaço Cultural Sergio Porto, na programação do Projeto Entre, em abril. Olhando para o primeiro trimestre de 2014 no teatro carioca, Edypop se destaca, a meu ver, como um dos poucos trabalhados que se dão ao risco no que diz respeito à pesquisa formal.
Arte-violência e a pluralidade de contextos
![Cara de Cavalo](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2012/09/Aquela-Cia-de-Teatro_Ricardo-Kosovski_7_Cara-de-Cavalo_Foto-Joao-Julio-Mello-590x393.jpg)
A peça escrita por Pedro Kosovski e dirigida por Marco André Nunes, que esteve em cartaz no teatro arena do Espaço SESC, em Copacabana, Cara de Cavalo, é um grande desafio de pragmática crítica. O termo pragmática é utilizado em linguística para nomear a ciência que identifica os contextos de produção dos discursos, a fim de construir uma interpretação do significado dos termos, percebendo que esse só pode ser decifrado dentro do campo discursivo no qual está inserido. E a peça em questão pretende, sobretudo, colocar lado a lado a discussão sobre arte-violência através de duas linhas referenciais (às vezes, cruzando as mesmas e outras vezes as separando), aludindo à espetacularização da violência cotidiana nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues e adentrando no discurso sobre arte-violência que foi construído por Hélio Oiticica através da figura marginal de Manoel Moreira – conhecido como Cara de Cavalo.