Tag: parque das ruínas

Trama e vertigem em exposição

30 de agosto de 2011 Críticas
Foto: Ana Cecília Brignol

O romance O idiota de Fiódor Dostoièvski inspirou pelo menos dois espetáculos este ano: O idiota – uma novela teatral, dirigido por Cibele Forjaz, que estreou no Rio de Janeiro no Galpão do Espaço Tom Jobim, no final de junho e O idiota – primeiro dia, dirigido por Fábio Ferreira, que está em cartaz no Parque das Ruínas. A apresentação dessas duas encenações em um curto espaço de tempo proporciona uma experiência reveladora da relação entre as artes, no caso, entre o romance e o teatro. O olhar sobre as especificidades das duas leituras da obra do escritor russo aponta ainda para outras formas de artes que se misturam e se confrontam na fatura das encenações. Assim, se cria uma agradável sensação de reconhecimento, por parte do espectador, de que ele, em contato com a encenação, está em um território não completamente demarcado no qual não se pode dizer – isso é teatro, ou isso é música, ou isso é cinema. O espectador se entende como um construtor. A crítica que Daniele Avila escreveu sobre O idiota – uma novela teatral revela uma particular relação do espectador com o tempo que o teatro pode proporcionar. No espetáculo O idiota – primeiro dia, a orientação de um foco sobre o tempo aparece já no título e se desenvolve ao longo da encenação, criando às vezes esferas de relação com o tempo e a leitura do romance, com os modos de apreensão das fábulas, com os de apreensão daquilo que é visível e com a da linguagem cinematográfica.

Incertezas

29 de junho de 2011 Críticas
Foto: Marcella Garbo.

Com uma montagem limítrofe ao vídeo, a peça Astronautas põe em jogo a hipervalozição das verdades científicas e aproxima esse discurso às incertezas das ciências humanas. A cena é concentrada na projeção que exibe uma montagem de diferentes aulas de astrofísica e cosmologia, comunicações filosóficas e manifestações artísticas. Por vezes a voz da diretora Maria Borba, sentada ao lado da tela, sobrepõe-se às imagens, acompanhada ao violão por Augusto Maulbouisson, sentado do outro lado da tela. Tais interferências pontuam uma manifestação artística por cima de uma aridez da física e amaciam algumas verdades que são postas em xeque pelos próprios professores. A questão posta não procura desconstruir a teoria das cordas ou dizer que nada se sabe acerca do universo. A peça parece apontar para a pessoalidade e para a singularidade das descobertas, sejam elas científicas, artísticas ou filosóficas.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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