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Jogo de repetição sem impacto teatral
Hell é um texto estruturado sobre repetições. A protagonista do best-seller de Lolita Pille, transportada para o teatro por Hector Babenco e Marco Antonio Braz, surge como uma figura mergulhada num cotidiano de excessos. Hell, como gosta de ser chamada, quase nunca consegue romper com um círculo viciado marcado por álcool, drogas e relacionamentos ora fugazes, ora intensos e destrutivos.
O teatro como extrema unção aos crimes hediondos
Guerras, com todas as suas incongruências e todo o seu fatídico cenário de genocídio, carnificina, destruição e mutilação costumam produzir, contraditoriamente, um rico, fascinante e instigante material artístico. Quanto maiores e mais absurdos são os atos provocados pelos homens, mais contundente é o seu esmiuçar nas artes. A Guerra Civil espanhola – que ocorreu entre 1936/1939 – foi o acontecimento mais traumático que ocorreu antes da 2ª Guerra Mundial. Nela estiveram presentes todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX. Podemos dizer, sem margem de dúvidas, que foi um dos três piores momentos vividos pelo mundo ocidental no século passado. Junto com o fascismo italiano e o nazismo alemão – talvez o mais hediondo de todos eles -, nada foi mais trágico do que estes três acontecimentos. O que poderia ser uma guerra interna, apenas espanhola, ganhou contornos exteriores, pois o que estava em jogo também era a hegemonia do mundo, dividido entre duas forças: a do capitalismo (direita) e o socialismo (esquerda). Assim, pode-se dizer que a Alemanha nazista e a Itália fascista apoiavam o golpe do General Francisco Franco enquanto a União Soviética se solidarizou com o governo Republicano.
A boa e bela alma
A alma existe? Segundo Bertolt Brecht, não.
Para o maior teórico do teatro épico a humanidade prescinde dessa substância que, desde Aristóteles, permeou todas as indagações a respeito da natureza humana, constituída, segundo o filósofo grego, por três dimensões indissolúveis: a vegetativa, a sensitiva e a noética. Também alcunhada de chama, espírito, consciência, princípio vital, entre outras denominações, foi ela tomada como bela – a bela alma – após Schiller e o romantismo alemão, quando passou a reunir a capacidade de, simultaneamente, ser graciosa (quando a sensibilidade coincide espontaneamente com a lei moral) e virtuosa (quando a vontade é determinada pelo dever), impregnando a cultura alemã com tais traços idealista e transcendente em relação aos instintos.