Autor Mariana Barcelos

Sensações de Adélia

24 de fevereiro de 2011 Críticas
Atrizes: Bellatrix, Gabriela Haviaras e Fernanda Boechat. Foto: Carol Beiriz.

Em cartaz no Solar de Botafogo até 01 de maio, o espetáculo Adélia, da Cia. de Teatro Íntimo, leva à cena a poesia da autora mineira, que dá título à encenação, Adélia Prado. A companhia celebra cinco anos em ocupação no mesmo teatro, no qual encena ainda outros nomes da literatura (como João Cabral de Melo Neto), o que revela um dos principais temas abordados na linguagem do Teatro Íntimo, o estudo da poesia brasileira.

Ao entrar no Espaço II do Solar nos deparamos com dois ambientes: uma anti-sala de espera, em que uma exposição fotográfica sobre a trajetória da Cia. prepara o público exibindo o universo de imagens criado pelos artistas ao longo dos anos, em cada espetáculo. “Prepara”, pois, a demanda poética da Cia. está impressa nas fotografias do passado, e, tal recorrência funciona como lugar de apresentação deste recurso; é também um lugar de transição, claro, entre o mundo que ficou do lado de fora, e a próxima porta que será aberta.

Por que o mesmo? A possibilidade é o distanciamento

10 de fevereiro de 2009 Críticas

Jogo de tabuleiro com a única amiga nas repetidas tardes apáticas de domingo, na cidade grande. Pode lembrar cena de filme, o capítulo de um livro, partes da própria vida, ou então, outra peça que você já viu ou ouviu falar em algum lugar. As personagens de Quase para sempre, de Bosco Brasil, são as velhas conhecidas pessoas que saíram do interior familiar para viver na capital anonimamente.

A solidão que não é opção, a solidão de quem não quer ser sozinho. É este o sentimento que torna vulneráveis as personagens, que permite a alguém querer ser amiga de quem aos poucos pode matá-la, ou, que permite a um oportunista querer ser amigo de sua presa. Um eco de todas as histórias de estranhos que se encontram casualmente em salas de espera de consultórios médicos, filas de banco, corredores de supermercados, ect. e que só precisam de um pretexto para se relacionarem, como, por exemplo, querer emagrecer (mesmo que não seja preciso). Daí para dar um telefonema, para tocar a campainha e ter mais um estranho na sua sala te ensinando a tomar pílulas para perder peso é só uma cena. E para este mesmo estranho ser outro participante do jogo de tabuleiro de domingos apáticos é um black-out, contra-regras que mudam a disposição de alguns móveis do cenário, aumento do número de peças do jogo, outra cena. Seria essa então a diferença desta montagem sobre os tipos emigrantes que um dia irão querer voltar para casa?

O espetáculo autônomo

15 de outubro de 2008 Críticas
Ator: Julio Adrião. Foto: divulgação.

Um dos atuais sucessos teatrais do Rio de Janeiro, A descoberta das Américas, foi apresentada na 9ª Mostra Prática da UniRio, que ocorreu durante a última semana de Agosto. O espaço alternativo para a encenação (“Sala Cinza”) comportou o máximo de espectadores possível, e de várias formas tal espetáculo pode repercutir na vida acadêmica e profissional dos alunos do curso de Artes Cênicas. Uma característica, porém, chama mais atenção: os espectadores/estudantes são confrontados por uma estética simples e bem executada, diferente das “grandes produções” que possivelmente muitos aspiram, um dia, integrar.

Newsletter

Edições Anteriores

Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

Edições Anteriores