Diário de bordo de uma atriz

Dissecar uma Nevasca, processo de abril de 2014 a janeiro de 2015

22 de dezembro de 2014 Processos

Vol. VII, nº 63, dezembro de 2014

Resumo: Diário de bordo e reflexões da atriz Nicole Cordery sobre o processo de ensaios da peça Dissecar uma nevasca, de Sara Stridsberg, dirigida pela sueca Bim de Verdier, desde abril de 2014. Descrição das diferentes etapas do processo de ensaios feitos no Brasil e na Suécia, e do poder da ação do tempo nesse processo.

Palavras-chave: teatro, dramaturgia sueca, elenco brasileiro, ensaios no Brasil, ensaios na Suécia, Sesc Belenzinho, Uppsala, Wik, Dissecar uma nevasca, Dissekering av ett snöfall

Résumé: Journal de bord et pensées de la comédienne Nicole Cordery autour du travail et des répétitions du spectacle Disséquer une Tempête de Neige, de Sara Stridsberg, mise en scène par Bim de Verdier, depuis Avril 2014. Description des diverses étapes de la production et des répétitions réalisées au Brésil et en Suède, suivi d’une discussion du pouvoir et de l’action du temps sur ce projet.

Mots-clé: théâtre, dramaturgie suédoise, troupe brésilienne, répétitions au Brésil, répétitions en Suéde, Sesc Belenzinho, Uppsala, Wik, Disséquer une Tempête de Neige, Dissekering av ett snöfall

Diário de bordo de uma atriz

Ensaio final em São Paulo. Nicole Cordery e Daniel Ortega. Foto: Ligia Jardim.

A peça Dissecar uma nevasca, texto da jovem e premiada autora sueca Sara Stridsberg, será encenado no Brasil em janeiro de 2015.

Escrito assim parece uma constatação simples, uma informação clara e objetiva a ser marcada na agenda. Gostaria, no entanto de dividir um pouco do que foi o longo processo de trazer para o Brasil uma co-produção com a Suécia que vai estrear no SESC Belenzinho, em São Paulo, em 15 de janeiro próximo.

O projeto

Em outubro de 2012, a diretora Bim de Verdier veio ao Brasil convidada pela Mostra Strindberg (que tive o prazer de produzir com o SESC/SP) para ministrar um workshop que ela chamou de Vivência Teatral. Partindo de Um jogo de Sonhos, de August Strindberg (normalmente traduzida no Brasil como O Sonho), ela se reuniu com atores e interessados em teatro no SESC Ipiranga para dividir um pouco de como se faz teatro na Suécia. Foi uma experiência muito rica para todos os participantes e levou o SESC, no fim de 2013, a convidá-la para propor um projeto para o ano de 2014.

Depois de muitos textos suecos revistos, muitas trocas de e-mails entre nós duas, Bim chegou na peça Dissekering av ett snöfall (Dissecar uma Nevasca), escrita em 2012 por Sara Stridsberg. Um texto fresquinho, representativo da nova dramaturgia sueca; uma peça sobre política, filosofia e os últimos anos de uma monarca no poder. No caso, a Rainha Cristina, imortalizada por Greta Garbo nos cinemas e por Strindberg em sua peça, inédita no Brasil, Cristina.

Bim disse que precisaria de um tempo para traduzi-la, juntamente com Nestor Correia, seu marido brasileiro. Para apresentar um pouco quem é Bim de Verdier, acho importante dizer que ela é psicóloga, dramaturga, atriz e encenadora. Já trabalhou na Suécia, no Brasil e na África do Sul, dirigiu obras de Strindberg, Bretch, Dario Fo, Shakespeare, entre outros. Vive há anos entre a Suécia e o Brasil – por ser casada com um brasileiro – e fala fluentemente o português com um sotaque charmoso. Atualmente, ela dirige o curso de teatro de Wiks Folkhögskola, em Uppsala, na Suécia. Minha opinião sobre a Bim é que ela consegue reunir em si o que há de melhor em um sueco (o senso de democracia, a praticidade e a eficiência) e em um brasileiro (o jogo de cintura, o bom humor e a ginga). Nos conhecemos em 2008, quando eu fazia mestrado sobre Strindberg em Paris 3, e em função das idas à Suécia, um amigo comum nos colocou em contato.

Enquanto Bim traduzia o texto, ela me pedia para pensar em atores com esse ou aquele perfil, de acordo com a dramaturgia. Atores versáteis, de preferência com experiência internacional – já que iríamos viajar -, um pouco loucos para topar um projeto sem definições de datas, e principalmente bem humorados. Atores que não encarassem aquilo como mais um job. Essas eram as “condições” que iam sendo colocadas pela Bim: “Gente legal, Nicole, gente de bom humor”. Chegamos ao elenco da leitura: André Guerreiro, Daniel Ortega, Flavio Tolezani, Nicole Cordery, Patricia Pichamone, Renato Caldas. A própria Bim de Verdier faria o papel da estrangeira, mãe da rainha Cristina.

Primeira leitura

Em 22 de abril de 2014, nós fizemos uma leitura pública do texto Dissecar uma nevasca, recém-traduzido. Estivemos juntos por seis dias estudando o texto e ensaiando a leitura. Ensaios diários das 14h às 19h. Nessa fase percebemos a necessidade de cortar um pouco o texto. A verba para a vinda de Bim, pelo trabalho da tradução e para um pagamento dos atores para essa etapa veio da instituição do governo sueco Swedish Arts Council. Fizemos um bate-papo no final da leitura com o público que lotou o Teatro Experimental, na Barra Funda, e vimos que os questionamentos levantados eram pertinentes e instigantes. Percebemos com essa leitura que o texto reverberava no público brasileiro. Independentemente de estarmos falando de uma monarca em 1650, estávamos falando do direito que uma pessoa tem de se definir, do poder da dúvida, do que seria “o poder”. Continuamos a aventura.

Preparação para a viagem

Entre abril e junho de 2014, Bim e eu mobilizamos outras instituições suecas e nossos próprios bolsos para viabilizarmos a ida de seis brasileiros para Uppsala. A ideia inicial do projeto era uma troca cultural em diversos níveis. Atores brasileiros e toda a equipe criativa sueca. Ensaios no Brasil e na Suécia. Temporadas em ambos os países. Garantia de verba, ainda nenhuma. Negociações de pauta com o SESC.

Bim convidou Birgitta Hallerström Wallin para integrar o projeto. No Brasil, até onde sei, não existe uma função como a que ela exerceu nesse processo. Em nosso espetáculo ela assina como cenógrafa, como figurinista (em parceria com Lena Hellesöy Annell) e como iluminadora e responsável pelos vídeos (em parceria com Tobias Hallgren). O total de suas responsabilidades dá a ela um papel com uma importância equivalente à de um diretor de arte, alguém que tem um poder de decisão e de proposição tão forte quanto o diretor geral. Isso naturalmente muito intrigou o elenco brasileiro durante os ensaios.

Bim de Verdier e Birgitta Wallin apresentam ao elenco o conceito da cenografia. Foto: Renato Caldas.

Bim, em seus pedidos de verba para essa viagem e para a continuidade do projeto, argumentava: “O desenvolvimento da arte teatral no mundo sempre ocorreu a partir de trocas entre culturas e tradições diferentes, assim como através da investigação profunda. Nós gostaríamos de propor ambas as coisas.” Garantias ou preocupação com um resultado que agradasse ao Brasil ou à Suécia, nenhuma. Nosso comprometimento era com a troca e a pesquisa.

Ensaios na Suécia

Em plena Copa do Mundo em junho de 2014 fomos, enfim, para a Suécia. Éramos sete: Flavio Barollo (responsável por filmar e fotografar todo o processo), André Guerreiro, Daniel Ortega, Nicole Cordery, Patricia Pichamone e Renato Caldas. Brasil parado, o mundo atento aos jogadores e torcedores que vinham para cá, e nós rumo ao desconhecido. Na alfândega em Schiphol (Holanda), o agente da Imigração não acreditou que éramos atores brasileiros indo para a Suécia ensaiar uma peça de teatro. “Mas o mundo todo está indo para o Brasil!” E nós seguimos com nossos casacos para um verão sueco que fazia de 8 a 20 graus, bem menos que nosso inverno.

Em Wik (Universidade Popular sueca situada dentro da propriedade de um castelo do século XV), ficamos hospedados em uma casa para estudantes com quatro quartos e dois banheiros, uma grande cozinha, sala, varanda. Os ensaios eram na escola de teatro e música, a alguns metros da casa. Tudo em volta era verde, muitas trilhas, flores, lagos, ovelhas e chegamos a ver uma dupla de raposas brincando ao longe! Pela janela da nossa sala de ensaio as ovelhas observavam aquele atores estranhos e brasileiros batendo cabeça para entender no corpo um texto complexo.

Ensaio em Uppsala. Nicole Cordery e Daniel Ortega. Foto: Renato Caldas.

Os ensaios da manhã iam das 9h às 12h. Em ponto. O almoço era servido num refeitório numa casa próxima, às 12h. No menu tinha sempre peixe, batatas e salada. No começo tudo parecia limpo, civilizado, pontual. Nos últimos dias, não aguentávamos mais peixe, batatas e salada. Depois do almoço, voltávamos à sala de ensaio e ficávamos até de noite, o que podia ser 18h ou 20h. Por estarmos em junho, não havia noite, ou melhor, não ficava escuro. Víamos o céu azul escurecendo por volta da meia noite, e ao mesmo tempo já começava a claridade do novo dia. O corpo demorou a entender a falta de escuro. Tudo era estranho, diferente, excitante.

Métodos aplicados no processo de ensaio

Bim trabalhou com a gente em diferentes níveis. Antes de entrarmos na complexa história da personagem Menina-rei, inspirada da Rainha Cristina, ela nos propôs Jogos de Status, que são exercícios elaborados por ela e inspirados no trabalho do diretor Keith Johnstone. Nesses jogos, diferentes situações com personagens em status sociais diferentes se contrapunham através de improvisações. Nada melhor para quebrar o gelo entre atores que tinham a difícil tarefa de criar um reino sueco do século XVII… no Brasil. Em improvisações propostas por ela, cumpríamos papéis de diferentes status sociais.

Bim utilizou também exercícios que partiam de Técnicas de Opressão, que vem da psicologia social, uma teoria da norueguesa Berit Ås. http://www.roks.se/bestall/bocker-och-skrifter/five-methods-domination-english. Através desses exercícios, começamos a perceber e identificar fisicalidades e estados que poderiam ser lidos como dominação. O não olhar, o ato de invisibilizar o outro, o ato de se colocar em um nível abaixo ou acima do outro, a subserviência, a prepotência.

Partindo para o texto da peça, que havia sido trabalhado e memorizado pelos os atores na lacuna de abril e junho, utilizamos sempre a presença do ponto (um ator de fora com o texto na mão). Nessa fase Bim já havia dito que usaríamos o palco sanduíche. Essa escolha se deu para evidenciar um dos temas principais da peça, a dúvida. A dúvida, apresentada à Menina-rei pelo personagem do Filósofo, assim como a presença de forças contrárias (eu vou ou eu fico? eu amo ou eu afasto? eu me entrego ou eu tenho medo? sou homem ou sou mulher?) alimentou a escolha pelo palco sanduíche. Essa escolha também propiciou a criação de um corpo não natural, de uma busca de uma nova postura, inspiradas nos estudos de Eugênio Barba. “O ator se move de um modo que lembra o princípio do tribanghi da dança clássica indiana. Tribanghi significa três arcos.” (A arte secreta do ator, de Eugênio Barba e Nicola Savarese, pg 95). Começamos a buscar posturas e caminhadas que privilegiassem ambas as platéias. Se a base do corpo estava para um lado, a bacia poderia estar para outro e o tronco para outro. Tudo ainda era investigação. O palco sanduíche também convidaria o público a estar mais integrado ao nosso reino, isso os tornaria servos, testemunhas, conselheiros, parte do poder ou da plebe. Outra ideia importante de nossa peça era a necessidade de neve caindo em diferentes momentos, e de o público se enxergar através da neve, vivenciando a neve. Isso era mais pertinente à nossa peça do que tê-la ao fundo, como um quadro.

Utilizamos a base de criação dos personagens a partir de animais, o que aparece em muitas tradições teatrais como a Commedia dell’arte, Opera de Pekim (Jingju), no Teatro Medieval e no Teatro de Máscaras. Bim, a todo momento, reafirmava seu convite para que os atores fossem parte da criação do espetáculo e não somente ferramentas para as ideias e visões do diretor. Muitas vezes se uma cena não estava bem resolvida, um dos atores chegava no dia seguinte com uma proposta diferente para a resolução da cena, o que era prontamente experimentado.

Troca cultural

Sobre o processo criativo dos suecos, acho que vale ressaltar que eles são, de fato, muito democráticos em diferentes níveis. Toda e qualquer decisão era sempre trazida para o grupo. Poderia ser uma cena da peça ou o horário de fazer compras. Todos eram sempre perguntados se aquela seria a melhor solução.

Tivemos algumas reuniões com a equipe criativa sueca: cenógrafa/figurinista/iluminadora, instrutor de movimentos, compositor, assistente de figurinos. Eles perguntavam e nos pediam para escrever em papéis o que significa a neve para os brasileiros. Qual o papel simbólico dela? Como usamos armas em cena? Como imaginávamos o figurino desse reino? Trocas e trocas culturais em diversos níveis. Ouvimos em silêncio músicas de Leo Correia de Verdier, trocamos olhares, tiramos medidas, sorríamos sinceros quando o inglês não era suficiente. Uma troca rica e inexplicável. Fizemos nesse período as primeiras provas de figurino e entendemos a escolha do linho como elemento de base para todo o figurino e cenário. O linho na Suécia é o tecido usado para cobrir recém-nascidos e pessoas mortas.

Em nossa estadia em Uppsala, além dos ensaios diários, tivemos a oportunidade de visitar casas de suecos maravilhosos que nos convidavam para jantar. Nesses encontros falávamos sobre o Brasil, sobre arte, aprendíamos músicas suecas, cantamos músicas brasileiras. Visitamos o Castelo de Uppsala, onde a Rainha Cristina abdicou; conhecemos o Castelo de Ulriksdal, de onde saiu a carruagem (exuberante e conservada) da coroação de Cristina. Visitamos o Palácio Real de Estocolmo, onde pudemos ver mantos, coroas e o trono de prata de Cristina. Graças a essas visitas, tivemos a dimensão do que é a realeza num país ainda monarquista e quem foram essas pessoas todas que inspiraram a nossa peça. O buraco era mais embaixo…

Atores em Estocolmo no Museu Strindberg. Daniel Ortega, Flavio Barollo, Nicole Cordery, André Guerreiro, Renato Caldas. Foto: Patricia Pichamone.

Fomos à cidade de Estocolmo, bancamos os turistas, visitamos o museu do Strindberg (figura importante para muitos de nós ali, que já atuamos em obras do autor), filmamos, compramos shampoo pesados, pagamos mico. Passamos o Midsommar – festa tradicional do meio do verão – num museu histórico com zoológico ao ar livre. Dançamos, participamos das brincadeiras, ficamos impregnados com as canções de criança, do sapo, do porco… Rimos, rimos e rimos muito. Bebemos, claro. Ficamos obcecados por caramujos, queríamos comprar ferramentas suecas, meias suecas, caramujos em conserva, biscoitos de canela. Ensaiamos muito e ficamos em crise porque nada estava bom, porque o texto não estava tão decorado quanto deveria, porque achávamos que não éramos bons o suficiente para contar aquela história maluca. E choramos, e rimos, e estávamos cansados. Eu, particularmente, estava exausta e já não sabia se daria conta daquilo tudo. Faltava muito a ser trabalhado e só nos encontraríamos de novo para mais um mês de trabalho em outubro.

Visitamos o Teatro Municipal de Uppsala, e depois de passar por diversos andares e salas dedicadas à produção de figurinos, maquiagens e camarins pessoais com uma cama confortável para atores descansarem, estudarem e se maquiarem… deprimimos. Ver como os suecos produzem teatro, perceber as inúmeras profissões ligadas ao nosso ofício, conversar com pessoas que cuidam de tecidos e botões por 20 anos no mesmo teatro e se orgulham disso, foi incrível.

Estava perto de virmos embora e sabíamos que até a próxima imersão teríamos alguns meses de estudo solitário pela frente.

Entre junho e o final de setembro o tempo voltou a agir. Nos encontrávamos para passar texto, para conversar sobre a vida, sobre a peça, mas o trabalho mais forte foi feito pelo tempo. A sedimentação do entendimento das palavras da Bim, os filmes assistidos, os livros sobre aquelas pessoas que retratávamos. O texto, devagar, começou a tomar outro sentido. Foi nesse tempo entre etapas de imersão que se deu o nascimento das personagens.

Nova imersão – suecos no Brasil

Em 29 de setembro Bim volta ao Brasil, desta vez com Birgitta, Lena e Tobias. Para essa nova etapa tivemos o apoio financeiro da Embaixada da Suécia, e da instituição sueca Konstnärsnämnden (The Swedish Arts Grants Comittee).

Em um mês de trabalho intenso, das 9h às 19h, levantamos a peça. Nesta etapa entrou no time o ator Daniel Costa, para o papel de Luve, e a atriz Rita Grillo, que substituiu Patricia Pichamone no papel de Belle. O figurino já estava pronto – veio de Estocolmo nas malas – e os longos ensaios no período de extremo calor em São Paulo se seguiram. De 29 de setembro a 28 de outubro ensaiamos sem parar, longas jornadas todos os dias. Chegavam, aos poucos, maquiagem, cabelo, músicas compostas para a peça. Chegamos a uma forma final do espetáculo. Faltavam ainda as projeções e as quedas de neve. Filmamos e fotografamos diferentes ensaios para estudarmos depois em casa, antes do novo encontro, em 5 de janeiro de 2015.

Ensaio em São Paulo. Nicole Cordery e Daniel Ortega. Foto: Flávio Barollo.

Entre novembro e começo de janeiro, mais uma chance para o tempo agir. Assistimos às filmagens da última imersão, vimos as fotos, conversamos sobre o que ainda não está bom. Trocas de e-mails e referência diárias. Começou a produção de cenário e dos elementos de cena. Desde setembro ganhamos um Diretor de Produção excelente (Andre Canto) e uma Produtora Executiva porreta (Anna Zepa). Adquirimos nessa etapa de ensaios figuras determinantes para a peça: Igor Sane (iluminador e operador de luz e video) e Eliseu Weide (aderecista). O tempo não para de agir.

A ideia da decantação no ator foi e é bastante presente nesse processo. Nesses meses, entre uma etapa e outra, aconteceu um entendimento da peça e dos personagens que vai muito além da sala de ensaio. Um filme, uma foto, um obra de arte muitas vezes aciona uma compreensão de um gesto que não conseguíamos expressar durante os ensaios regados à exaustão.

Esse processo revelou para mim, a difícil tarefa de se colocar no lugar do outro, de tentar entender uma criação partindo do ponto de vista desse outro, que vem de uma cultura completamente diferente. Este espetáculo é uma resultante disso. Uma história sueca entendida por atores brasileiros, criada com elementos cenográficos e sonoros, figurinos e iluminação suecos, mas voltada para um público brasileiro. Na construção desse espetáculo, definitivamente o tempo agiu como protagonista. Sobre o resultado? Não sabemos. Estão todos convidados. A peça Dissecar uma nevasca, texto da jovem e premiada autora sueca Sara Stridsberg, será encenado no Brasil em janeiro de 2015.

Ficha Técnica

Texto: Sara Stridsberg

Tradução: Bim de Verdier e Nestor Correia

Direção: Bim de Verdier

Cenografia: Birgitta Hallerström Wallin

Figurinos: Birgitta Hallerström Wallin e Lena Hellesöy Annell

Iluminação e técnica: Birgitta Hallerström Wallin e Tobias Hallgren

Composição, trilha sonora, música eletrônica e outros instrumentos: Leo Correia de Verdier

Elenco:

Andre Guerreiro – PODER

Bim de Verdier – MARIA ELEONORA

Daniel Costa – LUVE

Daniel Ortega – FILÓSOFO

Nicole Cordery – MENINA-REI

Renato Caldas – REI MORTO

Rita Grillo – BELLE

Violino: Sara Parkman

Video arte: Eva Koch e outros artistas

Programação Visual: Leonardo Miranda

Colaboração Videos / Registro Fotos e Videos do Processo Suécia e Brasil: Flavio Barollo

Adereços e Assistente de Cenografia: Eliseu Weide

Maquiagem e Cabelo: Dhiego Durso

Assistência de Direção: Rita Grillo / Malú Bazán

Preparação Corporal: Fuji Hoffmann / Vitor Vieira

Operação de Áudio, Video e Luz: Igor Sane

Fotos do processo e ensaios: Flavio Barollo, Renato Caldas e Lígia Jardim

Produção Executiva: Anna Zêpa

Direção de Produção: André Canto

Realização: Canto Produções / Cordery e Viana Produções

Blog da peça: http://anevasca.blogspot.com.br/

Nicole Cordery é atriz de Niterói, formada pela Cal em 1996. Trabalha em São Paulo desde 2000, onde atuou no Grupo Tapa. Viveu em Paris de 2006 a 2010, onde cursou a Ecole Jacques Lecoq. É mestre pela Paris 3, Sorbonne Nouvelle, dirigida pelo Prof. Jean-Pierre Sarrazac.

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A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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