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Era vidro e se quebrou ou um comentário sobre a peça
Joaquim Goulart poderia ter escolhido mais um Plínio Marcos para levar à cena. Ele e seu Núcleo Caixa Preta também poderiam ter recapitulado a Medeia de Riaza, anos depois do fechamento do Teatro Augusta*. Ou, numa terceira via, poderiam ter empreendido levar ambas as peças, nalgum lugar entre a Boca do Lixo paulista e a Espanha pós-Revolução de Luis Riaza.
Mas, com a escrita de seu dramaturgo, Vadim Nikitin, O Abajur Lilás ou uma Medeia perdida na Augusta? recorre ao cruzamento dessas obras sobre o asfalto gasto de uma Rua Augusta (Rua Angústia?, como pergunta a certa altura o Ator ao seu Analista), para gerar uma quarta obra. São três as tramas a trafegar pelo fluxo intenso da rua paulistana: as duas obras citadas e cenas de uma sessão psicanalítica, que – segundo o diretor e ator Joaquim Goulart – têm carácter biográfico, e trazem para a cena questões inquietantes, latejantes a esse artista, também ex-proprietário do Teatro Augusta, casa que abrigou realizações teatrais frutos da parceria com sua irmã, a atriz Cácia Goulart. Essas escolhas fazem do espetáculo um exercício de espelhamento entre as duas peças atravessado por cenas da sessão psicanalítica.
O inalienável tempo do percurso
A peça O idiota – uma novela teatral foi criada por iniciativa dos fundadores da Mundana Companhia, de São Paulo, Aury Porto (que faz o Príncipe Míchkin e assina a adaptação) e Luah Guimarãez (Nastássia Filípovna, que assina colaboração dramatúrgica). A diretora Cibele Forjaz, da Cia Livre, também assina a dramaturgia, assim como Vadim Nikitin. Colaboraram ainda Elena Vássina e Boris Schnaidermann.