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Para além da pureza de sentido do pensamento

12 de outubro de 2010 Críticas

O festival artCENA está configurando um continente de atravessamentos entre processos artísticos disciplinares que provocam desestabilizações em nossos modos mais tradicionais de classificação. A noção de perspectiva se dá a ver como um fenômeno em que o espectador passa a operar como construtor por meio da extensão do olhar e do estabelecimento de um jogo de trocas entre aquele que vê e do que é observado. O lugar de realizador da montagem mental que o espectador passou a frequentar na modernidade vai dando espaço para uma participação material que cria fluxos inesperados. A materialidade em experiência conta, de maneira cada vez mais evidente, com a corporeidade dos espectadores. A noção tradicional de drama fechado ganha complexidades outras por meio da criação da ação em ato. No teatro, repercute o fato da dança ter passado a investigar, já há algum tempo, a ideia de dramaturgia como um tecido de tensões que permeiam suas performances. Podemos ver influências dessa linguagem na sublevação da noção de personagem e na transformação temporal da ação dramática. A dramaturgia passou a se configurar como um tecido mais frágil. Uma das implicações que as artes plásticas trouxeram foi em relação às possibilidades de remissão não imediata que os objetos operam em favor de uma inscrição de mediação com os referenciais. Outra poderia ser a flexibilização do tempo de fruição. Ainda podemos falar do lugar das substâncias e das formas.

Para revidar o olhar

10 de maio de 2008 Críticas
Atores: Adriano Garib e Miwa Yanagizawa. Foto: Guga Melgar.

Em cena, três atores e duas atrizes se dividem em personagens diversos. A situação com a qual a peça se inicia parece conduzir o percurso: o personagem Artur (Adriano Garib), na ocasião do seu aniversário e em meio de uma crise, num momento em que questiona sua trajetória de vida e suas prioridades, revê sua relação com o filho (Fabio Dultra), tendo a namorada deste (Julia Lund) como aliada para uma aproximação. Ele se relaciona com uma mulher imaginária (Miwa Yanagizawa) e com um amigo (Otto Jr), com quem vai realizar um projeto: listar situações em que pessoas estão sendo observadas sem saber, pessoas que vemos, mas que, a princípio, não nos olham. Como observamos na primeira lista que o amigo traz, o critério que guia o olhar é absolutamente subjetivo.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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