Tag: Grupo Garimpo

A sinceridade e a limitação do relato emotivo

18 de junho de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

Novo trabalho do Grupo Garimpo, Tudo sobre minha avó se inscreve numa vertente de encenações recentes que buscam um registro de atuação transparente a partir da fala em primeira pessoa dos atores. Este projeto, como outros, investe numa quebra da hierarquia entre intérpretes e espectadores. Não por acaso, é realizado em espaços reduzidos e destinados a uma plateia concentrada.

Vale citar iniciativas que vêm percorrendo essa trilha, ainda que não de maneira semelhante. Em Ficção, reunião de monólogos da Cia. Hiato, cada ator discorria diante do público sobre acontecimentos de suas vidas, evidenciando o modo como se apropriaram dos fatos (portanto, como ficcionalizaram as experiências). Em Estamira, a atriz Dani Barros entrelaçava a jornada da personagem-título, realçando a lucidez contida em seu processo esquizofrênico, com o doloroso elo com a própria mãe. Em A alma imoral, Clarice Niskier se colocava frente aos questionamentos lançados pelo rabino Nilton Bonder em atuação destituída de vícios de declamação ou impostação. Em A falta que nos move… ou todas as histórias são ficção, os atores portavam a primeira pessoa, o que não significava que fossem os donos das histórias descortinadas.

Sensações suspensas e partilhadas

20 de janeiro de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

Nível 6 é o mais recente trabalho do Grupo Garimpo, formado por Ricardo Libertini, Vanessa Silveira e Marina Mercier, que desde 2007 se reúne em volta de projetos que têm em seu cerne a pesquisa da linguagem performática, o processo colaborativo e a busca pelo intercâmbio artístico com companhias de diversas origens e lugares. Uma primeira versão do trabalho, em 2010, tinha um caráter performativo, de intervenção no cotidiano da cidade, já que os atores ocupavam lugares públicos e de grande circulação de pessoas na zona sul carioca e em Niterói, apenas observando e tentando aproximações corporais com os transeuntes. Em 2011, Nível 6 fez apresentações na Mostra Fringe do Festival de Curitiba e dentro do projeto Armazém 19, na sede do Grupo XIX de Teatro. Partindo destas experiências isoladas, em 2012 o grupo resolveu levar o trabalho para o Espaço Rampa, em Ipanema, e em seguida realizou quatro apresentações em outro espaço alternativo, destinado a exposições de fotografia, de artes plásticas, e a peças também, o espaço A Comuna. As experiências na rua, em Curitiba, em São Paulo e nos dois espaços alternativos corroboram a proposta vigente na peça e na pesquisa do grupo, preocupado com a relação de interação entre a cena e o público.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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