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Novo trabalho do Grupo Garimpo, Tudo sobre minha avó se inscreve numa vertente de encenações recentes que buscam um registro de atuação transparente a partir da fala em primeira pessoa dos atores. Este projeto, como outros, investe numa quebra da hierarquia entre intérpretes e espectadores. Não por acaso, é realizado em espaços reduzidos e destinados a uma plateia concentrada.

Vale citar iniciativas que vêm percorrendo essa trilha, ainda que não de maneira semelhante. Em Ficção, reunião de monólogos da Cia. Hiato, cada ator discorria diante do público sobre acontecimentos de suas vidas, evidenciando o modo como se apropriaram dos fatos (portanto, como ficcionalizaram as experiências). Em Estamira, a atriz Dani Barros entrelaçava a jornada da personagem-título, realçando a lucidez contida em seu processo esquizofrênico, com o doloroso elo com a própria mãe. Em A alma imoral, Clarice Niskier se colocava frente aos questionamentos lançados pelo rabino Nilton Bonder em atuação destituída de vícios de declamação ou impostação. Em A falta que nos move… ou todas as histórias são ficção, os atores portavam a primeira pessoa, o que não significava que fossem os donos das histórias descortinadas.