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Gerald Thomas compõe seu “ready-made” rodriguiano

22 de agosto de 2022 Críticas

Um feto suspenso no espaço por uma rede tenta romper as fronteiras limitantes em F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada), espetáculo de Gerald Thomas a partir de Doroteia, de Nelson Rodrigues. Está pronto para entrar no mundo. E o mundo, está pronto para recebê-lo?, parece nos perguntar o encenador.

Em sua primeira incursão na obra de Nelson Rodrigues, o diretor faz renascer apenas o DNA do clássico da dramaturgia brasileira. Estilhaça o texto compondo quadros vivos autônomos entre si que conservam pouco mais do que o deboche da obra original em relação à sociedade de seu tempo. A fidelidade de Gerald não é literal, textual, mas conceitual. Centra-se na visão social e política de Nelson e sua Doroteia (1949). “Esta não é uma ave de cunho psicológico”, avisa Fabiana Gugli em cena cacarejando abraçada a uma ave decepada, para não deixar dúvidas sobre o caráter anárquico da releitura.

Entre Gargantas e Gárgulas: o teatro não-dramatúrgico de Gerald Thomas Pós-manifesto e suas aporias

15 de janeiro de 2012 Estudos

Introdução

Segundo matéria recente da Folha de São Paulo, o teatro de Gerald Thomas encontra-se numa fase de transe, uma fase de aniquilação e renascimento. Após lançar um manifesto deixando o teatro em 2010, o diretor Gerald Thomas montou uma nova peça em 2011, Throats, posteriormente transformada em Gargolios, apresentada no SESC paulista em julho de 2011. Esse artigo entende esta peça como uma nova fase e intenta analisá-la à luz das fases anteriores da obra desse diretor.

Em seu retorno ao teatro, pode-se dizer que o diretor Gerald Thomas busca o sucesso internacional e a quebra de vínculos com o Brasil, mais do que em inaugurar uma nova estética. Nesse ínterim, criou a London Dry Opera, passando adiante a Cia de Ópera Seca, que existia em São Paulo, para o iluminador e diretor Caetano Vilela. E, paradoxalmente, Thomas veio excursionar no Brasil com sua companhia inglesa, ao invés de montar Gargolios (e que aqui traduzirei como Gárgulas) com a companhia brasileira (anteriormente dirigida por ele). Gárgulas veio, então, até São Paulo como uma produção estrangeira, com um elenco em boa parte inglês e tendo sua peça apresentada com legendas em português. Por outro lado, Thomas retorna à sua escrita cênica e às suas obsessões. Ele desenvolve, então, sua própria dramaturgia em contexto de um teatro não-dramatúrgico.

Uma descida no maelstron

10 de maio de 2009 Estudos

Introdução

O início dos anos 80 foi o momento em que o Brasil reconheceu o talento de encenador de Gerald Thomas. O contexto em que sua peça Quatro Vezes Beckett fez sucesso era de redemocratização e abandono das preocupações políticas dos anos 70. A partir de então, transformou-se o contexto em que boa parte dos diretores e dramaturgos brasileiros tinham sido primordialmente brechtianos, mas vivia-se um momento em que Brecht foi perdendo, paulatinamente, sua influência.

Essa pesquisa visa estudar e verificar uma importante mudança ocorrida na carreira do encenador Gerald Thomas desde meados dos anos 2000: Gerald decidiu não mais encenar textos de outros autores, esforçando-se agora por encenar e redigir sua própria dramaturgia. A primeira experiência dessa nova fase foram as peças Terra em Trânsito e Rainha Mentira (Queen Liar). Ele se aproxima, portanto, do traço autoral de um Glauber Rocha, que sempre escrevia e dirigia seus filmes, tendo todos eles a sua marca, sua assinatura autoral e muitas vezes, como em Idade da Terra, sua presença física e voz propriamente ditas.

Conversa com Gerald Thomas

16 de janeiro de 2009 Conversas

A conversa foi realizada no dia 9 de dezembro de 2008, por Joelson Gusson e Felipe Vidal. O vídeo da conversa está disponível na TV Questão de Crítica, nosso canal no You Tube.

GERALD THOMAS – Eu tô numa posição muito diferente. Enquanto a maior parte das pessoas cavam entrevistas, eu me vejo numa posição de não querer dar entrevistas.

JOELSON GUSSON – Você quer dar essa entrevista?

GERALD THOMAS – Pra vocês é diferente. Porque uma coisa mais underground, uma coisa mais pra estudantes, é muito legal.

JOELSON GUSSON – Como é pra você a questão da crítica agora? Com esses novos veículos que existem, e você também fazendo o seu trabalho utilizando esses novos veículos, como é que fica essa coisa de ter um monólito como a Bárbara Heliodora, por exemplo?

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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