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Reconstruções em Mamãe
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF
Resumo: Provocado pela noção psicanalítica de construção, este ensaio crítico debaterá questões dramatúrgicas, clínicas e políticas na peça Mamãe, de Álamo Facó.
Palavras-chave: dramaturgia, clínica, política, reconstrução
Sommaire: Déclenché par la notion psychanalytique de construction, cet essai critique discutera des questions dramaturgiques, cliniques et politiques dans la pièce Mamãe, de Álamo Facó.
Mots-clés: dramaturgie, clinique, politique, reconstruction
“Seu trabalho de construção, ou se preferir, de reconstrução assemelha-se muito à escavação, feita por um arqueólogo, de alguma morada que foi destruída e soterrada (…)”
Sigmund Freud, Construções em análise.
Em Construções em Análise, texto escrito em 1937, Freud questiona-se acerca da posição do analista no trabalho psicanalítico: enquanto o analisando é levado a lembrar-se de algo que foi por ele experimentado e recalcado, qual seria a tarefa do analista? A conclusão, segundo Freud, é que o analista deve completar aquilo que foi esquecido pelo analisando, mais precisamente, construí-lo. Nesse sentido, a tarefa do analista não é apenas realizar interpretações mas, de fato, em encontro com o analisando realizar uma construção ou uma reconstrução.
Incisão na fantasmagoria – perspectiva da ruína familiar
A peça Pterodátilos dirigida por Felipe Hirsch é a encenação do texto do americano Nicky Silver e já havia sido trabalhada pelo diretor e pelo ator Marco Nanini há oitos anos, quando ganhou o prêmio APCA de melhor espetáculo em 2002. Segundo Hirsch, a necessidade de retomar o projeto de Pterodátilos está investida, sobretudo, pela conformação de mercadoria cada vez mais evidente, pela qual a sociedade se constitui. Essa intenção é formalizada com apuro na encenação atual que realiza uma apropriação crítica dos processos de reificação – isso confere seu teor de modernidade e de contemporaneidade. A fábula se desenvolve a partir da desestruturalização de uma família de classe média alta, cujo patriarca é Arthur (Marco Nanini), um empresário presidente de banco, e sua mulher Grace (Mariana Lima), uma dona de casa alcoólatra e, por isso mesmo e inversamente, consumista. Ambos são assolados pelo retorno do filho Todd (Álamo Facó) e pelo eminente casamento da caçula Ema (Marco Nanini) com o namorado Tom (Felipe Abid), transformado em empregada. Surgem tensões de ordem material, o desemprego do pai, a gravidez da filha, a infecção que acomete o filho e a descoberta de ossos no subsolo da casa.