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O Narrador – sentido da criação e seu endereçamento ao outro
Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015
Resumo: O texto é uma análise da performance O Narrador da Companhia Inominável, dirigida por Diogo Liberano. A perspectiva crítica procura discutir as possibilidades de transmissibilidade que o constituem em interlocução com algumas proposições do narrador e o declínio da experiência segundo Walter Benjamim.
Palavras-chave: Walter Benjamin, O Narrador, Aura, Declínio da Experiência, Companhia Inominável
Abstract: This article is an analysis of the performance of O Narrador da Companhia Inominável, directed by Diogo Liberano. The critical perspective discusses the transferability of possibilities that are in dialogue with some propositions of the narrator and the decline according to Walter Benjamin experience.
Keywords: Walter Benjamin, O Narrador, Aura, Experience Decline, Companhia Inominável
A morte é a sanção de tudo o que o narrador pode contar. É da morte que ele deriva sua autoridade. Em outras palavras: suas histórias remetem à história natural (BENJAMIN, 1994, pg. 208)
O Narrador, performance da Companhia Inominável com atuação de Diogo Liberano apresentada no mês de maio no Sesc Copacabana e que rumou em temporada para São Paulo, é inspirada no texto “O narrador. Considerações sobre a obra de Nickolai Leskov” de Walter Benjamin escrito em 1936. Traçando questões que aparecem como temática fundamental para Benjamin em outros textos, o ensaio desdobra uma série de argumentos sobre a impossibilidade da noção tradicional de transmissão da experiência na modernidade. Se pudermos aqui fazer parte daqueles que percebem na temática benjaminiana sobre a experiência, ou de seu olhar melancólico sobre a experiência, menos um desejo de restituir um tempo perdido e mais a investigação de novas maneiras de transmissibilidade que advêm com as transformações dos modos de produção, investigaremos a performance O Narrador por uma perspectiva que alinhava possíveis relações entre narração, a criação e a destruição como gesto de endereçamento ao outro.
[Des]esperando Godot – estudo de um processo de criação via negativa
Como conceber uma criação artística que em seu próprio desdobramento criativo ambiciona a sua própria destruição? Como aluno-diretor do curso de Direção Teatral da UFRJ, optei por desdobrar a pesquisa “Poéticas negativas como campo de relações entre teatro, artes plásticas e performance”, sob orientação da professora Livia Flores, trabalhando sobre a encenação da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett, originalmente nascida como trabalho curricular que realizei em 2010 na disciplina Direção VI, tendo estreado em julho do mesmo ano. Essa encenação, inicialmente homônima ao texto de Beckett, acabou se transformando em Vazio é o que não falta, Miranda, quando estreamos em setembro de 2010 a primeira temporada na cidade do Rio de Janeiro. Em cena, como diretor, me junto às quatro atrizes para apresentar uma peça construída sobre a impossibilidade de sua construção. Através de uma sucessão de tentativas para encenar Godot, agimos certa “poética da negação” porque, após um processo que durou mais de um ano, desacreditamos no esperar de Godot e, em vez de encenarmos outra dramaturgia, encenamos a nossa própria dificuldade em ter que dar sentido àquilo que não mais nos servia.
O peso do referente
Vazio é o que não falta, Miranda, espetáculo do Teatro Inominável, dirigido por Diogo Liberano, expõe o cansaço de uma companhia jovem em lidar com a autorreferência do teatro contemporâneo. Possivelmente, o grande risco da peça, tão mencionado pelo diretor, seja a falta de tônus em segurar (refletir sobre) o referente, entendendo o grande vácuo presente no próprio e a falta de conhecimento (experiência) sobre o mesmo. Por isso, cabe uma reflexão sobre o sentido de vazio presente na peça do grupo. A obra segue o seguinte mote: um diretor, Liberano, e quatro atrizes, Adassa Martins, Caroline Helena, Flávia Naves e Natássia Vello resolvem montar Esperando Godot de Samuel Beckett. Imersos na obrigação inalcançada de fazer uma peça canônica de teatro, o grupo constrói diferentes jogos no palco. É o caso do jogo de improvisação com o dicionário e do sorteio com a plateia das intérpretes que farão as personagens na peça de Samuel Beckett.
Nós precisamos sonhar com uma frágil sinfonia?
O espetáculo Sinfonia Sonho do Teatro Inominável, dirigido e escrito por Diogo Liberano, busca pensar o absurdo dos massacres infantis em espaços escolares, partindo de dois motes: a ficção presente no livro We Need to Talk About Kevin de Lionel Shriver e o caso real ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Nesse sentido, a obra reflete sobre o espanto que nos atingiu ao assistirmos no Brasil um incidente semelhante ao de Columbine.