Tag: Marina Abramović

A estratégia final de Abramović ou a imortalidade da arte

30 de setembro de 2012 Críticas

Oriundos das próprias vidas dos artistas, sentimentos e reflexões são materiais colhidos e transpostos para uma linguagem universal. Por este motivo Marina Abramović decidiu fazer uma biografia sobre a sua própria vida e, embora tenha optado por usar a sua figura como um material-conteúdo para a elaboração de uma obra, não permitiu que erroneamente trilhasse uma extrema manifestação do seu ego artístico; transcendeu o exclusivismo quando compartilhou conosco a sua consciência e aceitação da morte de uma forma serena em The Life and Death of Marina Abramović, cuja criação é coletiva: de autoria do músico Antony, do encenador Robert Wilson e da própria performer Marina Abramović.

De certa forma, esta é mais uma performance da artista, em que sua imagem funciona como campo simbólico da sua obra de arte, em que se expõe sem estar por detrás de uma personagem. Esta é uma performance mais híbrida, que acopla agora os tradicionais elementos teatrais, embora, sob a encenação de Bob Wilson, nada seja exatamente convencional, inclusive, sua encenação é caracterizada pela ruptura com os moldes cênicos mais clássicos, abrangendo a performance fringe ou o chamado teatro pós-dramático, sendo assim, é uma nova performance, conforme nomeia a teórica deste  assunto Roselee Goldberg.

O funeral de Marina Abramović

31 de agosto de 2011 Estudos

Le génie, c’est l’enfance retrouvée.
(O gênio é somente a infância redescoberta)
Charles Baudelaire

Quatro anos atrás, Marina Abramović telefonou ao encenador Robert Wilson para lhe perguntar se ele poderia levar à cena sua morte. No entanto, ele afirmou que “somente se eu puder também levar à cena sua vida…” Em seguida, em novembro de 2010, Marina declarou, num jantar comemorativo de seus sessenta e três anos, que Antony Hegarty, do grupo Antony and The Johnsons, cantaria a música My Way em seu funeral. Com isso, ela emenda, em seu discurso, como será sua performance de despedida. Três cidades estarão na mira do destino da artista performática: Amsterdam, Belgrado e Nova York. Em cada cidade, haverá um caixão e quem comparecer ao funeral deverá estar trajando roupas coloridas. “Ninguém saberá”, diz Marina, “em qual deles estará o verdadeiro cadáver”, ou seja, somente em um caixão estará o verdadeiro corpo e, nos outros, estarão imitações da artista (1).

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A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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