Autor Paulo Aureliano da Mata
A festa de Snežana Golubovic

Poderia Snežana Golubović, na performance-instalação I love you, estar recordando o casal Johnny e Judy da traumática festa de aniversário da famosa música It’s my party cantada por Lesley Gore? Podemos dizer que, quando a performer se confronta com sua imagem refletida no espelho, seus olhos brilham e refletem toda uma história vivida. O traje de festa composto por um vestido de paetê azul, meia calça fina, salto alto, penteado elegante, batom vermelho e um microfone antigo (tipo o do Elvis Presley) imbuem, com a idade da performer, um retorno poético visual das grandes divas do Jazz do passado. Tal afirmação se justifica, também, quando são inseridos inúmeros vinis de diversos títulos no espaço de intervenção.
O funeral de Marina Abramović
Le génie, c’est l’enfance retrouvée.
(O gênio é somente a infância redescoberta)
Charles Baudelaire
Quatro anos atrás, Marina Abramović telefonou ao encenador Robert Wilson para lhe perguntar se ele poderia levar à cena sua morte. No entanto, ele afirmou que “somente se eu puder também levar à cena sua vida…” Em seguida, em novembro de 2010, Marina declarou, num jantar comemorativo de seus sessenta e três anos, que Antony Hegarty, do grupo Antony and The Johnsons, cantaria a música My Way em seu funeral. Com isso, ela emenda, em seu discurso, como será sua performance de despedida. Três cidades estarão na mira do destino da artista performática: Amsterdam, Belgrado e Nova York. Em cada cidade, haverá um caixão e quem comparecer ao funeral deverá estar trajando roupas coloridas. “Ninguém saberá”, diz Marina, “em qual deles estará o verdadeiro cadáver”, ou seja, somente em um caixão estará o verdadeiro corpo e, nos outros, estarão imitações da artista (1).