Eu tenho direito ao espaço que ocupo na nação, nessa nação.
(…) A terra é meu quilombo. O meu espaço é o meu quilombo.
Onde eu estou, eu estou, onde eu estou, eu sou. 

Beatriz Nascimento

O 8° Festival Midrash de Teatro, idealizado por Nilton Bonder, com curadoria de Vilma Melo e Natasha Corbelino, reuniu presencialmente 20 peças teatrais e ações formativas no período de 01 a 28 de maio de 2022 no Teatro Café Pequeno, no Leblon. Foi uma mostra extensa do teatro produzido por artistas negros que estabeleceu um deslocamento geográfico, étnico, político e cultural na cidade. Tratou-se de um festival de Teatro Negro por contemplar produções teatrais que tinham como característica em comum a predominância de artistas negros, contrariamente ao que é praticado no sistema cultural de uma maneira geral. Para mim, o festival buscou evidenciar distintas produções não monolíticas que não reforçassem a ideia de Teatro Negro como monocultura. No entanto, para além dos diversos modos de produção e estéticas, podemos perceber pontos de convergência no que tange às negritudes, termo cunhado pelo poeta martinicano Aimé Cesaire e tão caro a Abdias do Nascimento e ao Teatro Experimental do Negro aqui no Brasil, inspiração para a maioria dos artistas racializados desse país.