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Fusão temporal em espetáculo expositivo

Gabriel Villela propõe articulações (pelo menos, aparentemente) ousadas em Sua incelença, Ricardo III. O próprio título sugere uma apropriação da peça de William Shakespeare atravessada por referências à cultura nordestina e instâncias temporais diversas. De certo modo, o diretor inscreve esse espetáculo – resultado de sua parceria com o grupo Clowns de Shakespeare, de Natal – na vertente de versões contemporâneas de obras do autor inglês, como, guardadas as devidas distâncias e proporções, o filme Romeo + Juliet, de Baz Luhrmann. O entrelaçamento entre passado e presente também faz evocar outra produção cinematográfica (agora, desvinculada de Shakespeare): Maria Antonieta, de Sofia Coppola.
Somos todos irmãos?
Salmo 91, dirigido por Gabriel Villela, que está em cartaz no Teatro Poeira, encena a dramaturgia de Dib Carneiro Neto baseada no livro Estação Carandiru de Drauzio Varella. A encenação é composta por uma estrutura de monólogos, onde os atores representam personagens inspirados em participantes do trágico acontecimento. São ao todo dez depoimentos que se sucedem sem a intermediação de uma narrativa dramática que os ligue. A idéia contida nesta estrutura é a de que estamos diante de uma fatia da realidade, que no caso, significa ouvir dos próprios presos sua versão dos fatos. Esse modo de composição geralmente causa uma sensação de crença no que estamos assistindo, ou seja, que a cena representa um acontecimento real.