Foto: Divulgação.

“A escritura faz do saber uma festa.”
Roland Barthes, Aula.

Se uma janela se abrisse é uma criação do coletivo Mundo Perfeito, de Portugal, uma co-produção do Alkantara Festival e do Teatro Nacional D. Maria II. A peça tem texto e encenação de Tiago Rodrigues, que esteve anteriormente no Rio em 2008 com Yesterday’s Man, espetáculo brilhante de Rabih Mroué, e para dar uma oficina no Teatro Gláucio Gill em 2011, na Ocupação Complexo Duplo. A peça foi criada em setembro de 2010, mas só chega ao Rio em 2013, por ocasião do Festival Dois Pontos, que trouxe para a cidade uma programação que envolve peças de Portugal e criações compartilhadas entre artistas portugueses e brasileiros, apresentadas na Rede Municipal de Teatros.

Nosso balneário turístico não costuma receber o que há de mais interessante no contexto internacional do teatro contemporâneo, a não ser pelos esforços (muitas vezes isolados) dos festivais. O Rio de Janeiro não parece estar nos roteiros de circulação internacional de teatro. Não há um pensamento sobre a cidade – por parte das instituições que podem de fato fazer alguma coisa– que tenha essa preocupação. Assim, a responsabilidade por trazer ao Rio espetáculos como Se uma janela se abrisse fica a cargo da sociedade civil, dos artistas e produtores que estão tentando pensar a programação artística da cidade e fazer algo por ela. É preciso esclarecer que o Festival Dois Pontos acontece na Rede Municipal de Teatros e com patrocínio da Prefeitura, mas não se trata de uma iniciativa da Rede Municipal de Teatros e nem da Prefeitura, e sim dos atuais gestores dos teatros que compõem essa rede, que são gestores temporários, artistas e produtores independentes, que estão provisoriamente na condição de gestores e só podem pensar ações para os teatros que dirigem por um determinado tempo.