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Para além da montagem de formatura
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
Resumo: Análise crítica do espetáculo teatral Yerma, de Federico Garcia Lorca e direção de Renato Carrera com os alunos formandos do primeiro semestre de 2014 da Casa de Artes de Laranjeiras (CAL). O artigo procura analisar a montagem com o olhar sobre sua qualidade técnica empenhada pela força conjunta e o diálogo estabelecido entre direção e alunos formandos.
Palavras-chave: formação artística, grotesco, ritualização
Abstract: Critical analysis of the staging of Yerma, by Federico Garcia Lorca, directed by Renato Carrera with senior students graduating on the first semester of 2014 from CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). The article intents to analyze the staging by taking a close look at its technical qualities, which are a result of a joint force and of a conversation between the work of the director and the senior students.
Key-words: artistic training, grotesque, ritualization
Tempo de resistir
Silvia Pasello é atriz da Fondazione Pontedera Teatro desde o início dos anos 80. Um dos nomes importantes na sua formação teatral foi o ator polonês Richard Cieslak, ator do Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski. Silvia trabalhou em parceria com Carmelo Bene, com quem apresentou no Théatre Odéon, em Paris, Macbeth Horror Suite. Trabalha como atriz convidada da companhia italiana Raffaello Sanzio. Silvia esteve no Brasil para dirigir uma montagem de O castelo de Franz Kafka com uma turma de formandos da CAL. Henrique Gusmão, que também participou da conversa, é assistente de direção desta montagem.
SILVIA PASELLO – Kafka faz uma operação muito estranha com a escrita. A língua dele como escrita parece pouco significativa do ponto de vista da literatura porque lendo você tem a impressão de ler sempre a mesma coisa, a mesma palavra. Isto faz com que a língua desapareça e apareça outra coisa, como quando a criança pega uma palavra e repete, repete e essa palavra desaparece. Então, para mim, O castelo tem a ver com tudo isto, com o visível e o invisível, neste sentido do aparente, daquilo que aparece e desaparece, desta reciprocidade de planos. Não sei se está claro, mas é o que surge no meu imaginário. Mas isto é uma premissa.