Silvia Pasello é atriz da Fondazione Pontedera Teatro desde o início dos anos 80. Um dos nomes importantes na sua formação teatral foi o ator polonês Richard Cieslak, ator do Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski. Silvia trabalhou em parceria com Carmelo Bene, com quem apresentou no Théatre Odéon, em Paris, Macbeth Horror Suite. Trabalha como atriz convidada da companhia italiana Raffaello Sanzio. Silvia esteve no Brasil para dirigir uma montagem de O castelo de Franz Kafka com uma turma de formandos da CAL. Henrique Gusmão, que também participou da conversa, é assistente de direção desta montagem.

SILVIA PASELLO – Kafka faz uma operação muito estranha com a escrita. A língua dele como escrita parece pouco significativa do ponto de vista da literatura porque lendo você tem a impressão de ler sempre a mesma coisa, a mesma palavra. Isto faz com que a língua desapareça e apareça outra coisa, como quando a criança pega uma palavra e repete, repete e essa palavra desaparece. Então, para mim, O castelo tem a ver com tudo isto, com o visível e o invisível, neste sentido do aparente, daquilo que aparece e desaparece, desta reciprocidade de planos. Não sei se está claro, mas é o que surge no meu imaginário. Mas isto é uma premissa.