O Futuro não é depois: uma performance palestrativa sobre Cazuza e Herbert Daniel é um trabalho criado para o projeto “Cena agora – Arte e ciência: corpos reagentes, existências em crise”, do Itaú Cultural, que em sua segunda edição quis pensar as relações possíveis entre arte e ciência a partir de inúmeros e plurais pontos de partida. O trabalho em questão é um dos vários desdobramentos poéticos do projeto “Como eliminar monstros: discursos artísticos em torno do HIV/AIDS”, criado por mim em parceria com o diretor carioca Fabiano de Freitas, o Dadado, para pensar as relações entre arte e HIV e como ela, em suas inúmeras tentativas de se debruçar sobre o tema ao longo dos 40 anos da epidemia, muitas vezes também produziu discursos que ajudaram a perpetuar os estigmas sociais produzidos no bojo da epidemia discursiva do HIV.

O projeto estreia, coincidentemente, também em um evento do Itaú Cultural, a Mostra Todos os Gêneros, na sua edição de 2019, portanto um ano antes da pandemia do coronavírus. Em 2020, adaptado para versão on line, o projeto ganhou várias edições e se mostrou bastante pertinente para pensar uma epidemia (a da COVID-19) à luz de outra (a da AIDS) e as semelhanças e dessemelhanças impressionantes em torno de um modus operandis social que ocorre diante de atravessamentos como estes.