Faço neste ensaio um exercício crítico sobre duas performances apresentadas durante o Festival Panorama da Dança 2016: Batucada, de Marcelo Evelin; e Looping: Bahia Overdub, de Felipe de Assis, Rita Aquino e Leonardo França. O exercício é uma tentativa de conversar com algumas proposições artísticas da dança contemporânea que abrem espaços para uma participação diferenciada do espectador, de modo que esta abertura não se configure como simples figuração, mas como fusão de fato, com e na obra. Este fato estético não está apartado da realidade nem do momento político em que vivemos, no qual alguns direitos que pareciam assegurados têm sido sistematicamente ameaçados por medidas de exceção que atingem as conquistas do passado. A criação artística, neste sentido, parece acender seus sinais de alerta para, de diferentes maneiras, inventar outras formas de vida e de arte que incluem uma percepção social mais aguda.

Inicio pela primeira proposição, fazendo antes um relato que contextualiza o encontro com a obra.