“De que modo é possível se debruçar sobre um conhecimento tão profundo como o do trabalho do ator sobre si mesmo desenvolvido por Stanislávski[1] em seu Sistema?

De que maneira abordar um conhecimento que se manteve em permanente evolução sem jamais ter se fixado em nenhum conceito que o levasse a uma conclusão definitiva?

Como tornar concreto por meio da palavra escrita um trabalho em seu processo sem fim, que começa pela compreensão da prática singular de cada um e segue se desenvolvendo indefinidamente?

Quais os meios possíveis para que se possa assimilar e transmitir um conhecimento que se configura como herança viva?” (Zaltron, P.317)

Formular perguntas é um dos aprendizados mais caros para o ser humano. E se esse ser humano for uma atriz, diretora e pedagoga, as formulações são preciosas porque movem todo o processo de pesquisa, de criação e provavelmente, de uma vida. Essas questões foram as companheiras da autora Michele Almeida Zaltron e, a partir da sua escrita, penso que o prazer, a obsessão, a vocação e o comprometimento com a transmissão parecem ser definidores para a criação de seu livro Stanislávski e o Trabalho do Ator Sobre Si Mesmo que foi publicado em 2021, pela editora Perspectiva numa parceria com o CLAPS (Centro Latino-Americano de Pesquisa Stanislávski)[2], uma iniciativa do Teatro Escola Macunaíma[3].