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Há uma evidente contradição no título do espetáculo da Cortejo Cia. de Teatro, que procura questionar a história oficial como verdade única, perspectiva que inviabiliza a transmissão e o valor de outras abordagens. Em determinado momento da montagem de Rodrigo Portella, um dos personagens afirma que a história precisa de heróis para ilustrar os livros, sinalizando que a realidade é mais complexa do que as versões normalmente estampadas.

A história oficial é produto de uma construção, assim como a cena teatral – parece frisar Rodrigo Portella ao promover esta associação. A concepção da cena fica à mostra diante do público. No início da apresentação há apenas um cone no palco, que os atores retiram para dar início ao jogo teatral. Trazem da coxia todos os elementos para a construção da cena: fachadas de casas (janelas e portas acopladas), banco, mesa, malas, gaiola, livros, relógio, copo, bule, arma, boneco, retratos (não por acaso, a cenografia é assinada por Rodrigo Portella). O vento é produzido por um ventilador acionado no palco. A música surge no instante em que um ator toca instrumento ou quando uma fita é acionada no aparelho (concepção de som e trilha original de Lucas Soares). A atriz ressalta o uso de peruca. Há proposital desconexão entre a descrição dos personagens e o physique du role dos atores.