Autor Julia Naidin
Museu encena
A gente tem que lutar para tornar possível o que ainda não é possível.
Isso faz parte da tarefa histórica de redesenhar e reconstruir o mundo.
Paulo Freire
Apresento uma situação a partir de seus impasses e instabilidades: um grupo de teatro em trabalho de escuta; uma proposta cênica em uma ação de museologia social; uma atividade presencial no meio da pandemia; criar uma produção de memória oral mantendo distanciamento social. Essas sequências de deslocamentos são o pano de fundo geral da encenação.
Um semestre após três ações pontuais realizadas em abril de 2021, apresento, enquanto uma das idealizadoras, produtoras e coordenadoras pedagógicas, as condições que possibilitaram a realização do “Museu Ambulante” e o formato que ele adquiriu ao ter que se adaptar à realidade da pandemia e ao calendário proposto pelo edital “Retomada Cultural” da SECEC-RJ no âmbito da Lei Federal Aldir Blanc. Aponto breves percepções a partir de uma prática teatral realizada durante a pandemia que operou um procedimento inverso ao de ir para o campo virtual, como fizeram a maior parte dos artistas da cena teatral. Procedimento difícil, tenso, que, certamente, só foi possível devido ao caráter singular do território e à capacidade de transformação da proposta inicial do coletivo teatral, o Grupo Erosão, ao longo de quase um ano.