Autor Fabiano de Freitas
Um balé como um levante da ralé
Preciso escrever sobre o Balé Ralé. E, de imediato, um desafio: olhar pra trás, mesmo que nem seja pra tão longe assim, para tentar reaver um processo que suscitou em nós alguns níveis de exposição e, diria mais, de posicionamento e comprometimento, diante da crise a que todos, enquanto sociedade, sempre nos vemos expostos, mas ainda mais no tempo presente, esse tão essencial ao teatro e ao teatro contemporâneo, esse grande enigma pro qual se flecham clichês e alguns preconceitos, mas que em suma é isso, uma visão do mundo a partir do presente. Não tenho como me separar de mim enquanto realizador pra olhar pro processo do Balé Ralé tentando suscitar quem eu era lá, por isso penso aquele processo a partir de hoje.
Para um teatro dos ouvidos
Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf
Resumo: O texto acompanha e problematiza o processo de criação da série de radioteatro Radiodrama, realizando algumas contextualizações históricas sobre o gênero no Brasil e no mundo, a perspectiva desse tipo de criação na contemporaneidade, e a problematização acerca da palavra e da imagem nas artes cênicas atualmente.
Palavras-chave: radioteatro, radiodramaturgia, Radiodrama, Orson Welles, Valère Novarina, Samuel Beckett, Heiner Müller
Abstract: the text follows and discusses the process of creating the radiotheatre series Radiodrama project, presenting some historical contextualization of the genre in Brazil and around the world, the prospects for this kind of creation to the contemporary times, and the questioning about ‘word’ and ‘image’ in performing arts today.
Keywords: radio drama, Radiodrama, Orson Welles, Valère Novarina, Samuel Beckett, Heiner Müller
Do Teatro dos Ouvidos
Ele pensava ter arquitetado um método para fazer sua boca dizer tudo o que quisesse. Queria dobrá-la, trabalhá-la, submetê-la todo dia ao treinamento respirado, torná-la firme, torná-la flexível, dar-lhe músculos pelo exercício perpétuo. Até que ela se transformasse numa boca sem fala, até falar uma língua sem boca… Como um bailarino que quisesse sempre dançar mais, dançar mais longe, dançar até o fim, até que não houvesse mais ninguém no espaço.
Valère Novarina, Teatro dos Ouvidos