Autor Andrea Santiago
Diálogos sobre formação universitária em Teatro
Vol. VIII nº64, maio de 2015.
Resumo: A conversa, realizada em março de 2015 aborda visões pessoais relacionadas à formação universitária e à experiência profissional fora do ambiente acadêmico.
Grupos em processo de criação
O projeto ENCENA foi para sua segunda edição mostrando, mais uma vez, os processos criativos de grupos de teatro. A intenção do evento é que grupos apresentem parte do seu processo de criação e/ou linha de trabalho que resultará numa montagem e, em troca, possa ter um feedback do público sobre o que foi mostrado. No dia 18 de outubro, seis grupos se apresentaram, na Galeria TAC, na Lapa.
O primeiro, Lamento e liberdade, de Brunno Vianna, conta a história de duas escravas no Período Regencial Brasileiro. Foi uma cena curta, de duas atrizes negras que representaram com muita autoridade e imbuídas do texto – do próprio diretor – as agruras da vida da época, as brincadeiras entre os seus e o linguajar. A formação acadêmica de Brunno Vianna certamente são fundamentais para a criação do texto mas, além disso, a pesquisa de documentos, música e pontos cantados por escravos e referências propostas por ele e executadas por Cláudia Leopoldo e July enriquecem o pouco que pudemos ver.
Sobre o risco de se ver em cena: um esclarecimento
Falar sobre um processo não é apenas descrever ou narrar o que acontece entre as quatro paredes de uma sala de ensaio. Talvez, sim, mas é possível que seja em um tom pouco íntimo ou até, quem sabe, incerto. E é na convivência quase diária com o grupo que será colocado aqui o processo de A Gaivota, de Anton Tchekhov. No caso, a montagem é À Gaivota, homonimamente como homenagem ao autor, dirigida por Maíra Kestenberg.
O desejo de montar a peça é tão antigo que se perdeu entre as atividades da diretora. Há mais ou menos 10 anos, em um curso com Matheus Nachtergaele, Maíra Kestenberg teve acesso ao texto como base para a oficina ministrada pelo ator. Desde então, A Gaivota passou a fazer parte do cotidiano, em suas funções básicas, em suas obrigações diárias, em amenidades quaisquer. Mas suas personagens estavam lá, amadurecendo, crescendo e se tornando aptas a aparecer, assim como a coragem de colocar em cena tudo o que o mundo tchekhoviano oferece ao leitor / espectador. Além da formação em Interpretação, a extensão no curso de Direção e então, no segundo semestre de 2011, a oportunidade de trabalhar um texto que se desdobraria em uma montagem estava ali: foram seis meses de trabalho divididos de forma bem precisa e equilibrada, diferentes técnicas como bases para extrair da dramaturgia o que seria, mais tarde, o suporte para o espetáculo.