De antemão, tomo a liberdade de dizer que é difícil sair indiferente a um espetáculo como Vangelo, de Pippo Delbono. Corro o risco dessa generalização devido à reação de alguns companheiros espectadores, e também às minhas próprias percepções, certamente remexidas. A montagem a que assisti se deu no Theatre Olympics, grande festival de teatro ocorrido na cidade de Wroclaw, Polônia[1], contando com um público heterogêneo advindo de várias partes da Europa. Dentre as pessoas com quem pude conversar, a sensação de desconcerto era quase a mesma. Para plateias europeias, não é novidade o caráter ousado do trabalho de Pippo Delbono, seja no cinema, seja no teatro; porém foram muitos os que saíram anestesiados da obra mais recente do artista e de sua companhia teatral.