Em cena, estão dois atores que realizam uma briga de casal. No inicio do espetáculo, os atores estão em pé e olham para direções distintas. Ela (Naed Branco) tem a cabeça enfaixada, um curativo no rosto e a roupa sugerindo peças desgastadas. Ele (Hélio Taveira), camisa branca, calça preta e porte atlético. Um pano branco, no qual algumas linhas côncavas e convexas estão pintadas nas cores vermelho e verde, reveste o fundo e as laterais do palco. Alguns baldes pendurados do teto, algumas bacias emborcadas no chão (posições côncavas e convexas), quatro mesas de madeira e muitas velas sobre latas de cerveja. A iluminação é fraca, está quase tão somente a cargo das velas. O diálogo do casal revela que simbolizam o país e seu povo. Angola agoniza pelos anos de colonização e pela guerra civil. O povo sofre e tenta compreender sua situação, concluindo que precisa agregar na consciência suas derrotas e suas conquistas. Ao final, o casal se reconcilia na esperança de dias melhores a partir da ação conjunta. A ação do ator que apaga todas as velas e desfaz o cenário nos remete à uma idéia de reconstrução a partir dos despojos dos vencidos. Indica ainda que existe uma esperança na agricultura, no trabalho com as riquezas naturais.