Atriz: Carolina Virgüez. Foto: divulgação.

A cena do espetáculo Ingrid opera um certo deslocamento em relação aos formatos mais usuais de monólogos em teatro. A meu ver não existe uma pretensão de construir um personagem que propriamente retrate a personalidade que é o ponto de partida do espetáculo, nem a peça insiste no sofrimento do cativeiro ao qual ficou sujeita a colombiana Ingrid Betancourt sob o poder das Farc. Acredito que o que está em jogo no acontecimento que o espetáculo quer revelar esteja impregnado nas ações corporais da atriz Carolina Virgüez. Um paradoxo refinado constitui suas ações que, para dar a ver cinestesicamente o sofrimento real de Ingrid Betancourt no cativeiro, trabalha com gestos expressivos que remetem a uma ordem simbólica.