Esta crítica fala sobre o espetáculo como foi apresentado na sua primeira temporada, realizada no Mezanino do Espaço SESC em dezembro de 2007. Atualmente, está em cartaz no Teatro dos Quatro.

A atriz Inês Vianna não é a feia que Moacyr Scliar escreveu em seu romance A mulher que escreveu a Bíblia, na verdade ela é até bonita. Assim como seu figurino excepcional, criado por Ruy Cortez é bonito, funcional e também feio para a bonita atriz. Já o cenário de Sérgio Marimba é bem feio – esse é feio mesmo – e iluminado fazendo nem bonito nem feio por Maneco Quinderé. Essa equipe bonita, nada feia e competentíssima, seguida ainda pela bela preparação corporal da igualmente bela Daniela Amorim e pela música original não adjetivada por mim de Marcelo Alonso Neves servem ao brilhantismo da atriz e à belíssima adaptação e direção, respectivamente, de Thereza Falcão e Guilherme Piva. O monólogo que se vê no palco/mezanino do Espaço SESC, em uma hora e pouco, é o relato de uma mulher que descobre, a partir de uma seção de regressão, não só ter sido uma das setecentas mulheres do Rei Salomão como ainda ter escrito a Bíblia há 3.000 anos. E a mola propulsora se dá no momento em que nossa protagonista se depara com sua fealdade.