Os críticos atuam sempre como verdadeiros scholars do teatro, e não apenas como jornalistas encarregados de uma seção de arte. E, em ambos os casos, a crítica supera o âmbito específico do teatro para tornar-se crítica das instituições sociais e das correntes estético-filosóficas, além de tribuna e arma em defesa de ideais progressistas. (Antonio Mercado).

O professor Antonio Mercado ao analisar os modelos discursivos das críticas de Bernard Shaw e Alberto D’Aversa afirmou que, ao defenderem projetos artísticos específicos, os críticos agem de acordo com sua filiação ideológica, filosófica e estética. Sendo muito improvável que o crítico consiga se descolar do processo histórico ao qual está inserido e buscar uma neutralidade, uma isenção absoluta, no seu texto. “Podemos constatar que os maiores críticos são sempre os mais parciais, isto é, os que têm algo para dizer, opiniões para sustentar, ideias para defender. O resto é crônica.” (MERCADO, 1995, 43). Assim apresentava uma importante distinção entre a crítica e a crônica teatral, ou seja, o que caracterizaria a crítica seria, sobretudo, a defesa de uma forma de olhar para o teatro, de um projeto artístico que agregasse artistas, empresários e críticos.