O que torna possível uma imagem conjugar simultaneamente em sua natureza transitoriedade e permanência? O que faz esta imagem desejar este paradoxo? Para a geografia, cada paisagem é singular, e dar conta da imensa gama de detalhes que ela comporta estabelece experiências imagéticas igualmente singulares. Em busca destas qualidades de estado a arte contemporânea incorpora a cada nova experiência estética propostas da ordem da especificidade, da experiência, do acontecimento, do processual, do variável, da flutuação, da impermanência, da efemeridade e da desmaterialização da matéria e corpos, ao mesmo tempo em que investe na particular qualidade de presença capaz de re-configurar o corpo em sua dimensão de sujeito. Mas o que torna uma imagem presente? Quanto mais a obra de arte contemporânea potencializa sua singularização através da sensorialidade experimentada no tempo e no espaço, com maior intensidade consegue estabelecer relações também singulares, múltiplas, entre sua estrutura e os receptores. Nesta elaboração a dimensão de acontecimento torna-se fundamental, colocando em foco as evidentes estratégias de brevidade do ato onde a finitude de sua construção, ou seja, a sua morte, coloca os espectadores diante do paradoxo. A imagem quer permanecer, mas já anuncia a sua partida. O acontecimento em sua maior força de permanência absorve os sujeitos que interagem com ele e, mesmo após a sua morte, continua ecoando indelével na experiência vivida.