Nica é um espetáculo de elogio à nossa atenção à vida, à nossa atenção ao mundo, ao nosso afeto ao que existe, existiu ou existirá de mais perto ou mais longe de nós. A definição do espetáculo, deliberadamente despreocupado com sua definição, veleja sobre caldas misturadas de peça-conferência, autorrepresentação, memórias compartilhadas e performances poéticas de cena, sons, músicas e textos.

A peça, diz no palco a atriz-performer-autora-personagem-ser viva, é para celebrar a vida. É dessa forma que Elisa Band tece sua dramaturgia, costurando em seda dados científicos, dados médicos, taxonômicos, cartográficos, literários, suas paixões por coleções, procedimentos de saúde pelos quais sua mãe se submeteu etc. No início, no fim e no meio, cita-se diversas vezes, como um lastro, metafórica ou literalmente, o músculo central das coisas: o coração (do da baleia azul ao da mãe submetido à cirurgia cardíaca).