De São Paulo, SP

Samuel Beckett e teatro gestual. Esse encontro nem tão ponderável assim está na origem da Companhia Dos à Deux, no final dos anos 1990, instada a engravidar o verbo de sentidos e silêncios outros, físicos e simbólicos. Daí a surpresa deste espectador ao cruzar com a referida montagem que batiza o grupo somente no início de 2010, cinco anos após assistir a Saudade em terras d’água, sua sexta produção. E, para celebrar de vez, ainda se permitir agora a chance de fruir a gradação de linguagem dos mesmos criadores, Aux pieds de la lettre, o quarto espetáculo, de 2001, síntese arguta do espírito artístico que move o duo brasileiro radicado na França.

Artur Ribeiro e André Curti abriram o Ano-Novo teatral na capital paulista com as duas peças-chaves do repertório. No constrangedor espaço da Caixa Cultural, o térreo do edifício do banco na Praça da Sé, eles contornaram a precariedade acústica e a inexistência de arquitetura cênica. Não diluíram um centímetro do rigor minimalista das atuações. Proporcionaram rara oportunidade de conferir em retrospectiva os passos que os trouxeram até aqui.