A universidade como espaço de diálogo, de cruzamento entre dramaturgias: ficcionais ou não. Esse foi o contexto proporcionado pelo FITU, Festival de Teatro Integrado da Unirio, que ocorreu entre os dias 2 e 6 de outubro de 2013. Dentro da programação, as pesquisas dos artistas Fernando Codeço e Caio Riscado, interligam-se aleatoriamente por um mesmo universo condutor: o das travestilidades. Aleatoriamente porque nem os artistas tinham consciência do potencial de diálogo travado entre seus trabalhos e nem o festival propôs esse encontro. Mas mesmo para o olhar não especializado era evidente o trânsito fluente do universo travesti na exposição Vênus nos espelhos de Fernado Codeço e na célula performativa Sonho Alterosa de Caio Riscado.

O momento parece ser propício para falar da questão. Com a proliferação da teoria queer pensar em existências e sexualidades explodidas de uma heteronormatividade vigente, pensar numa vida travesti autônoma e não transitória, impregnada no cotidiano do cenário-cidade, parece ser necessário como demanda para a universidade. Esses trabalhos ocupam um lugar importante na transposição de um olhar que encara o travesti como periferia-tabu para o de práticas de proximidade. A universidade funciona como lugar fronteiriço entre o público e o íntimo, a rua e a casa.