Em julho de 2021, ministrei um curso online sobre Teatro e Virtualidade através do Sesc Rio. Eu e uma turma de mais de vinte artistas curioses espalhades pelo país mergulhamos em encontros e trocas sobre as criações artísticas realizadas durante a pandemia e as possibilidades descobertas até aqui. Ao longo de sete encontros, conversamos sobre plataformas e modos de transmissão, assim como experimentamos jogos e exercícios possíveis para o online. Como falei no primeiro dia de aula: “Essa oficina é pra gente trocar. Pra gente ter uma conversa entre a gente, íntima mesmo, sobre nossas sensações e expectativas sobre tudo o que aconteceu com o teatro (e com o mundo). Pra isso, eu convidei diretoras e diretores brasileires cujas obras me atravessaram nesses meses pandêmicos para estarem aqui conosco”. Assim, demos início a uma série de encontros que compõem esta espécie de “diário de bordo virtual” que apresento aqui. Um conjunto de anotações e citações de artistas inquietes de diversas partes do país que refletem sobre teatro, presença e futuro.

Se tem fita crepe, é teatro!

O primeiro artista que recebemos foi o Fernando Yamamoto, diretor e um dos fundadores do Grupo Clowns de Shakespeare, de Natal (Rio Grande do Norte). O trabalho do Clowns me inspira há bastante tempo e, durante este período pandêmico, me vi impressionado com a coragem desse coletivo em enfrentar desafios. Do Clowns, recebemos de presente, até agora, duas obras virtuais: CLÃ_DESTIN@: Uma viagem cênico-cibernética e L.A.A.A.T.I.N.A. – Legião de Aventureiras, Aventureires e Aventureiros Tenazes e Incansáveis pelas Narrativas ao Avesso. A primeira obra representa um marco particular em meus dias de isolamento. Senti a euforia de estar em uma sala de cinema ou de teatro. Além da felicidade que senti ao assistir à experiência, observei atento à pesquisa técnica em relação às plataformas. As criações do Clowns representam o que há de mais arrojado no que diz respeito à pesquisa ao vivo, principalmente, no Zoom.