Críticas

Ambiguidades sutis

28 de abril de 2012 Críticas
Foto: Naldinho Lourenzo.

A Cia Marginal está em cartaz com Ô Lili na sede da Cia dos Atores no bairro da Lapa. O espetáculo estreou em maio de 2011 no Teatro Maria Clara Machado. Ô Lili é o segundo trabalho da Cia (o primeiro foi Qual é a nossa cara?), que é integrada por jovens moradores do Complexo de Comunidades da Maré e que vem se desenvolvendo ao longo dos últimos seis anos em formas diferenciadas de oficinas e de apresentação de trabalhos. A pesquisa deste segundo espetáculo partiu de uma série de conversas realizadas com detentos do sistema prisional da cidade e que o grupo materializou por meio de uma criação coletiva, sob a direção de Isabel Penoni.

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A tragédia do olhar

28 de abril de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

Através de um personagem como o atormentado Alan Strung, o dramaturgo Peter Shaffer destaca, em Equus, a dificuldade de ser ou se sentir visto. Vítima de uma educação repressora, Alan, jovem de 20 anos, tem fascínio e horror pelos olhos dos cavalos porque se reconhece neles. É o que argumenta no instante em que o psiquiatra Martin Dysart pergunta sobre o motivo que o levou a cometer a atrocidade de cegar seis animais com um estilete de metal. Depois de iniciar tratamento com o Dysart, Alan passa a entregar fitas com os seus “depoimentos” devido, provavelmente, ao caráter de desvendamento íntimo que o vínculo entre médico e paciente adquire. O impacto desse contato também reverbera em Dysart, que, mergulhado num casamento burocrático, revela incômodo crescente com a intensidade da vibração de Alan.

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Nós precisamos sonhar com uma frágil sinfonia?

27 de abril de 2012 Críticas
Foto: Thaís Grechi.

O espetáculo Sinfonia Sonho do Teatro Inominável, dirigido e escrito por Diogo Liberano, busca pensar o absurdo dos massacres infantis em espaços escolares, partindo de dois motes: a ficção presente no livro We Need to Talk About Kevin de Lionel Shriver e o caso real ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Nesse sentido, a obra reflete sobre o espanto que nos atingiu ao assistirmos no Brasil um incidente semelhante ao de Columbine.

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BarkingDogs

26 de abril de 2012 Críticas
Foto: Fernanda Dias de Moraes.

No princípio não era o Verbo. No princípio era o ecrã de televisão parado, com um conjunto de riscos coloridos em contagem para a abertura da emissão. No nosso princípio, no princípio de uma sociedade sem grandes princípios, a televisão marca o ritmo dos acontecimentos. Mas não nos fiquemos por aqui pois também no princípio o autor e ator se apresenta: ele é Tales Frey a interpretar Tales Frey. Mas não é por habitar essa personagem, como numa consubstanciação, que se torna mais fácil para Tales interpretar Tales. O autor principia com os avisos iniciais – 5 avisos, bem explicados, como bem aberta está a sua mão – tal como numa liturgia. Aqui, este Te Deum é para glória de Tales Frey, que durante a sua performance alcança o estado quase virginal (como podemos ver quando se despe, qual Adão antes do pecado).

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Imagens em repercussão poética

11 de abril de 2012 Críticas
Foto: Carol de Góes.

Em cartaz no espaço da Caixa Cultural, a peça Cartas de amor – Electropoprockoperamusical, que teve sua estreia em 2010, dirigida por Flávio Graff e co-dirigida por Emílio de Mello é um potente roteiro para o imaginário acerca do amor. A palavra roteiro traz o movimento de percurso com ideias em desenvolvimento. O que surge é a desconstrução do ideal romantizado, deslocamento do lugar da fixação amorosa. Estão em jogo descobertas do amor como um pertencimento variacional: é daquele que ama, ou melhor, é potência que se inventa no amor que existe e que, em alguns momentos, encontra repercussão. Questão teórica que aparece: a repercussão das imagens poéticas. Termo que inclui significados de nova direção, de afastamento, de diferenças direcionais dos fluxos, de reprodução e de transmissão que não se afirmam pela causalidade. Cartas de amor é uma obra que coloca as dobras do amor em sua estrutura. Uma das inspirações para o roteiro foram textos de cartões postais adquiridos pelo ato do colecionador, o que em alguma medida gerou uma miríade de escritos poéticos como letras de músicas. Plataforma em constelação.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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