Críticas

Acúmulo de solidão em cena

27 de julho de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

Em Adágio, a solidão desponta como tema no texto de Gustavo Bicalho e Mauro Siqueira e como proposta de atuação, lançada a Suzana Castelo e, em especial, a Márcio Nascimento. Ao estabelecer “contracena” com um boneco em escala humana, o ator é levado a acumular uma dupla função: encarrega-se das motivações de seu personagem e manipula o outro da cena – no caso, o boneco –, responsabilizando-se por suas reações. É uma circunstância distinta da habitual, em que os atores são estimulados pelo contato com os parceiros de cena. Em mais um momento da montagem assinada por Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves, os atores contracenam por via indireta. A atriz interage com o boneco – por sua vez, manipulado pelo ator, cujo personagem não está em cena nesse instante. Diferentemente da primeira passagem mencionada, nessa os dois intérpretes se encontram envolvidos na construção da situação, mas o fato de não firmarem uma relação direta também remete a um solitário estar em cena.

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Ao redor da sala de estar

21 de julho de 2013 Críticas
Foto: Paula Kossatz.

A peça As horas entre nós, que esteve em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, provocou minha percepção principalmente pelo cenário, de concepção de Joelson Gusson. Junto com Diego de Angeli, a dramaturgia assinada também por Gusson parece se calcar na estrutura espacial proposta pelo cenário, a partir do qual extrairei algumas possíveis leituras desse trabalho, que buscou ser ele mesmo uma releitura de Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, com ecos inevitáveis do livro e filme As horas, de Michael Cunningham e Stephen Daldry, respectivamente.

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Ascensão da multidão ao calvário

21 de julho de 2013 Críticas
Foto: Carlos Biar.

Laboratório Karamázov, que esteve em cartaz por três dias de junho no Instituto CAL de Arte e Cultura, é uma realização que mostra o investimento na formação de atores profissionais proporcionado pela universidade. O espetáculo, dirigido por Celina Sodré, parte de um roteiro livremente adaptado do romance Os irmãos Karamázov de Fiódor Dostoiévski e de fragmentos de Meu marido Dostoiévski de Anna Dostoievskaia. A noção de laboratório que o título materializa é um procedimento que, para a diretora, está intimamente conectado com as experiências desenvolvidas pelo mestre de teatro Jerzy Grotowski, que visavam o desnudamento, ou um processo de revelação dos atores – o nome de sua companhia era Teatro Laboratório. Ao mesmo tempo, a confecção de um roteiro como material originário parece se aproximar do que Grotowski realizou com as dramaturgias/montagens em Akropolis e, posteriormente em Príncipe Constanti, para citar dois exemplos expressivos de seu trabalho.

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Entre nós

8 de julho de 2013 Críticas
Foto: Paula Kossatz.

As horas entre nós, atualmente em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, é um exemplo interessante da recriação de uma obra literária, que faz uma transposição de ideias e acontecimentos para um contexto diferente do qual se partiu. O termo “adaptação” não me parece exato para definir o trabalho, pois convida a uma comparação infrutífera com um determinado “original”. Existe, de fato, um ponto de partida: Mrs Dalloway, de Virginia Woolf. Mas não parece haver, na montagem, um compromisso de prestação de contas com o romance, e sim uma dinâmica de afastamento e aproximação, de afinidade à distância com a obra, trabalhada com delicadeza na dramaturgia de Diego de Angeli e de Joelson Gusson, que também assina a direção, a adaptação e a concepção, esta junto com Cristina Flores. É possível perceber um excesso de créditos em torno da autoria: concepção, adaptação, dramaturgia, além da observação na capa do programa que diz “livremente inspirado em Mrs Dalloway, de Virginia Woolf”. O título da peça também faz referência ao livro de Michael Cunningham e ao filme de Stephen Daldry, As horas. Essa condição espalhada da autoria pode ser interessante.

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Miséria e morte em confronto

24 de junho de 2013 Críticas
Foto: Natalia Turini.

“Pois toda a vida é sonho, e os sonhos, sonhos são.”

Pedro Calderón de la Barca em A vida é sonho

O Núcleo Ás de Paus, companhia baseada na cidade de Londrina, trouxe para a quinta edição carioca do Festival Palco Giratório, realizada no mês de maio, a peça A pereira da Tia Miséria. O espetáculo é baseado em um conto popular espanhol homônimo e apresenta uma metáfora sobre o ciclo da vida e seus desdobramentos, rememorando aos espectadores que a tríade nascimento-crescimento-morte faz parte do fluxo natural de todo ser.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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