Autor Daniele Avila Small

Entre dramaturgias, atuações e escolhas

30 de dezembro de 2012 Críticas
O homem travesseiro. Foto: Divulgação.

No segundo semestre de 2012, estreou no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim, a montagem de O homem travesseiro de Martin McDonagh dirigida por Bruce Gomlevsky com a sua Companhia Teatro Esplendor. A peça fez ainda uma segunda temporada no Teatro do Leblon no final do ano. O empreendimento do diretor, que também protagoniza o espetáculo, segue uma linha de dramaturgia interessante para o seu grupo. As montagens anteriores, Festa de família de David Eldridge e A volta ao lar de Harold Pinter, apresentavam textos excelentes, ambos sem apelo fácil, encenados com simplicidade: proposta que parece priorizar uma determinada tentativa de relação com o público, uma relação que é, por assim dizer, mais intelectual, no melhor sentido do termo. O diretor não investe muito na visualidade do espetáculo e não prioriza atuações de destaque óbvio. Parece que há uma valorização das ideias que estão em jogo no texto, e acima de tudo, das relações complexas entre os personagens – o que se torna visível, principalmente, em atuações mais discretas e sofisticadas. O foco está na ação, no jogo, e aí o espectador está imerso.

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“Eu queria falar que eu sou a Norma.”

21 de fevereiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

Seis meses depois de ter visto a peça pela primeira vez e três meses depois da segunda oportunidade que tive de assistir a esse espetáculo, pude ler o texto escrito por Pedro Kosovski, em colaboração com o diretor, Marco André Nunes, e com o elenco da peça. O fim do ano, com sua demanda de retrospectivas, me fez pensar de novo em Outside, um musical noir, sobre o qual pensei em escrever algumas vezes. Além de apresentar trabalhos individuais muito bem sucedidos, como os figurinos de Flavio Graff e a direção musical de Felipe Storino, Outside ficou na minha memória como um espetáculo bastante atípico no teatro carioca, mesmo com a considerável diversidade das propostas artísticas da cidade: uma improvável mistura do gênero musical (tantas vezes frívolo e até apelativo) com questionamentos sérios sobre a arte contemporânea (mais comumente discutida em espetáculos de menores proporções).

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O inalienável tempo do percurso

19 de julho de 2011 Críticas
Sergio Siviero e Aury Porto. Foto: Cacá Bernardes.

A peça O idiota – uma novela teatral foi criada por iniciativa dos fundadores da Mundana Companhia, de São Paulo, Aury Porto (que faz o Príncipe Míchkin e assina a adaptação) e Luah Guimarãez (Nastássia Filípovna, que assina colaboração dramatúrgica). A diretora Cibele Forjaz, da Cia Livre, também assina a dramaturgia, assim como Vadim Nikitin. Colaboraram ainda Elena Vássina e Boris Schnaidermann.

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Corações comovidos… e outras histórias

25 de junho de 2011 Críticas

O texto que segue foi publicado no Jornal do Brasil em 13 de maio de 2009, durante a primeira temporada desta peça, que estreou no Oi Futuro Flamengo e agora reestreia no Teatro Nelson Rodrigues. Para esta edição, foram modificadas as informações sobre a temporada e outros detalhes, mas foram mantidos o formato e a extensão, característicos da crítica escrita para o jornal impresso.

Esqueça as fantasias de personagens da Disney, as peças infantis que imitam filmes que todo o mundo já viu e as insossas histórias de princesas. Em cartaz Teatro Nelson Rodrigues para uma curta temporada, A mulher que matou os peixes…e outros bichos passa longe da mesmice do teatro infantil. Não sobra um clichê pra contar a história. Aliás, a peça também não segue o protocolo que determina que, para fazer uma peça infantil, é preciso contar uma história. Ela conta várias: a da mulher que matou os peixes, do gato acertadamente apelidado Pinel, de vários cachorros que não estão mais entre nós, de uma macaca que também não teve vida longa, enfim, a peça reúne uma série de relatos improváveis para o divertimento. A morte dos bichos de estimação, um dos fatos da infância que parece sacudir a forma como as crianças veem o mundo, é um tema que permeia toda a peça. Mas sem apelação para a choradeira. Pelo contrário.

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Leitura inscrita no espaço da cena

21 de maio de 2011 Críticas
Luciana Lyra e Carlos Ataíde. Foto: Divulgação.

Em Memória da cana, a direção e a adaptação de Newton Moreno traçam uma linha sinuosa entre o Rio e o Recife, re-emoldurando as imagens do Álbum de família de Nelson Rodrigues, colocando o autor num contexto menos urbano, mais próximo às imagens de um determinado Nordeste – que nada tem em comum com o Nordeste limpo e colorido, de festa junina, que se vê com mais frequência aqui no Rio, como, por exemplo, em montagens de textos de Ariano Suassuna. O Nordeste de Memória da cana é ocre, tem cheiro de terra e de gente. A questão seminal da pesquisa do grupo Os Fofos Encenam nesse projeto parece ser a investigação, neste texto, das raízes pernambucanas do autor carimbado carioca. Com embasamento teórico e historiográfico, os artistas-criadores lançaram mão de suas memórias e de sua filiação nordestina para reescrever esse Nelson com caligrafia própria.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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