Críticas

O real afetivo em cena

26 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Rafael Turatti.

Antes de falar sobre a peça Feito pra acabar, que fez três apresentações na XI Mostra de Teatro da UFRJ, gostaria de me ater a esse evento realizado anualmente pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sendo oficialmente o espaço em que os alunos formandos do curso de direção teatral apresentam seus trabalhos cênicos de conclusão de curso, e assim um momento de fechamento de ciclo dentro da formação do artista, a Mostra possui um caráter de integração entre as partes que produzem um objeto artístico. De fato, o evento aparece como um grande acontecimento dentro da universidade, movimentando os corredores históricos do prédio da Praia Vermelha e intensificando uma vontade do público e de estudantes de teatro, especialmente, em que haja mais eventos teatrais dessa natureza em nossa cidade.

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Contra a genealogia

26 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

“O que implica a excessiva ênfase na ideia de conteúdo é o eterno projeto da interpretação, nunca consumado.”
“Por interpretação entendo nesse caso um ato consciente da mente que elucida um determinado código, certas ‘normas’ de interpretação.”
Susan Sontag

Os quatro cômodos feitos pela cenógrafa Aurora dos Campos são compostos por elementos de tempos diversos – das projeções à batedeira e aos móveis antigos, do quarto à cozinha, o espetáculo Você precisa saber de mim, com direção de Jefferson Miranda, trata das relações familiares que se repetem em qualquer período: presente, passado e futuro.

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Poesia e literalidade no espaço cênico

25 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

A mecânica das borboletas é um espetáculo revestido de camadas referenciais e metafóricas. Enquanto o dramaturgo Walter Daguerre brinca com possibilidades de criar, no âmbito textual, situações cênicas sustentadas pela poesia e pela literalidade no conflito entre duplos (dois irmãos, duas formas de encarar o mundo, duas maneiras possíveis de leitura dos símbolos), a direção de Paulo de Moraes opera, no desvelamento gradativo dos signos visuais, a estabilização de uma assinatura estética, possibilitando ao espectador que acompanha a trajetória do diretor em seus últimos trabalhos, o reconhecimento estilístico dos efeitos produzidos por suas escolhas junto aos demais elementos materiais da representação.

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O movimento do visível

25 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Renato Magolin.

Uma das possibilidades mais instigantes para a crítica é o fato de que as obras proporcionam experiências materiais nas quais os conteúdos teóricos se movimentam e mostram suas evidências e seus desvios. Isso promove uma espécie de alegria que leva ao desejo da escrita, sempre insuficiente, mas na tentativa de se ultrapassar, ou seja, ultrapassar o crítico. Assim nos tornamos meio sobreviventes dos nossos conjuntos mal armados de referências, de escolhas e do idolatrado panteão das nossas memórias. Esse é um dos efeitos que a peça Meu avesso é mais visível que um poste provoca por meio de uma operação que se constitui por insistentes desconstruções de um lugar metafísico separado do mundo sensível. O modo ideal dessa desconstrução na peça se dá no confronto entre o âmbito da memória e uma visualidade de material sintético – o visível do avesso é uma coisa construída. De modo semelhante, a dramaturgia é uma estrutura do fluxo do pensamento que é colocado como coisa visível.

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Concretude atravessada pela subjetividade

25 de janeiro de 2012 Críticas
foto: Divulgação.

O trânsito entre a afirmação e a suspensão do realismo está na base de A propósito de Senhorita Julia, encenação que localiza no Brasil do século XXI a história da personagem-título, escrita por August Strindberg no final do século XIX. Walter Lima Jr. e José Almino também utilizaram outra apropriação do original de Strindberg, realizada pelo dramaturgo Patrick Marber, que transportou a ação para a Inglaterra da década de 40 do século XX.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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