Críticas

Assembleia de constrições sem ajuizamentos

21 de fevereiro de 2012 Críticas

O que fundamenta a encenação de Ato de comunhão é a pesquisa de uma linguagem que possa materializar aspectos do psiquismo humano em seus momentos limítrofes. Essa intenção edifica o originário da própria noção de arte – o que, no espetáculo, criou uma zona de indeterminação entre a linguagem da performance e do teatro que as enriquece em termos de proposição e de resultados. A peça, com direção e atuação de Gilberto Gawronski e co-direção de Warley Goulart, encena o texto do argentino Lautaro Vilo que é inspirado no caso verídico ocorrido na Alemanha em 2001, no qual um homem praticou canibalismo consentido em outro homem. No texto, o protagonista do referido ato faz um alerta aos possíveis tradutores de sua fábula para o cinema de que ele, Frank da Alemanha, cometeu uma estupidez e que estes não devem cometer outra: ele não é Hannibal Lecter – referindo-se ao conhecido personagem de ficção criado pelo escritor Thomas Harris e vivido por Anthony Hopkins no cinema –, ele não permitirá trilogias, jogos de câmera, cenas de perseguições de carro, tiros ou vertigens. O que ele deseja é um ator com semelhança física e que possa compreender a questão com “ressonância trágica”.

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“Eu queria falar que eu sou a Norma.”

21 de fevereiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

Seis meses depois de ter visto a peça pela primeira vez e três meses depois da segunda oportunidade que tive de assistir a esse espetáculo, pude ler o texto escrito por Pedro Kosovski, em colaboração com o diretor, Marco André Nunes, e com o elenco da peça. O fim do ano, com sua demanda de retrospectivas, me fez pensar de novo em Outside, um musical noir, sobre o qual pensei em escrever algumas vezes. Além de apresentar trabalhos individuais muito bem sucedidos, como os figurinos de Flavio Graff e a direção musical de Felipe Storino, Outside ficou na minha memória como um espetáculo bastante atípico no teatro carioca, mesmo com a considerável diversidade das propostas artísticas da cidade: uma improvável mistura do gênero musical (tantas vezes frívolo e até apelativo) com questionamentos sérios sobre a arte contemporânea (mais comumente discutida em espetáculos de menores proporções).

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O teor fantástico da redenção

9 de fevereiro de 2012 Críticas
Foto: Daniela Dacorso.

Criados em cativeiro é um texto do dramaturgo americano Nicky Silver, escrito em 1995, que problematiza a ideia dos atos de redenção nos percursos da vida. A redenção que aparece é atravessada por possibilidades de libertação e de deixar o outro ir – um deixar -se estar e ir para construir ou refazer as perdas amorosas. Assim, a noção de drama se estabelece quando revela por meio dos diálogos os traumas passados, os fracassos, as angústias atuais, a solidão e, sobretudo, a alienação em que estão mergulhados os indivíduos. O cativeiro dos personagens está impresso (em negativo) em suas relações que se encontram presas nos acontecimentos recalcados do passado.

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O bardo contemporâneo

4 de fevereiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

O pátio central do Arquivo Nacional no centro do Rio de Janeiro foi ocupado, durante o mês de dezembro de 2011, pela peça Penso ver o que escuto, realização da Cia Bufomecânica sob a direção de Fábio Ferreira e Claúdio Baltar. Nesta nova produção, a Cia Bufomecânica – em parceria com a Royal Shakespeare Company – trouxe a público o resultado da pesquisa realizada pelo grupo sobre os dramas históricos de William Shakespeare. O cerne deste estudo cênico está nos reis ingleses do século XV. O ponto de partida é a peça Ricardo II, passando por Henrique IV, HenriqueV, Henrique VI e culminando em Ricardo III. O ponto de intersecção entre essas peças se dá nos intermináveis conflitos entre as dinastias York e Lancaster que se digladiam ferozmente pelo trono inglês, lançando a Inglaterra em uma era de terror e medo. As peças Ricardo II e Ricardo III (escritas provavelmente entre os anos de 1590 e 1595) são o fio condutor da encenação concebida por Fábio Ferreira e Claúdio Baltar.

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A construção da figura paterna em cena

30 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

O ator Charles Fricks continua em cartaz, depois de uma temporada bem sucedida em 2011, com o monólogo O filho eterno, baseado no romance homônimo do escritor Cristovão Tezza. Em cena, o ator toma para si não só a voz do narrador como também forja e assimila, no espaço do palco, traços psicológicos que refletem a condição de um sujeito que se vê confrontado com os limites da desrazão humana, quando descobre que seu primeiro filho é portador da Síndrome de Down.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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