Críticas
Tema para um concerto desastroso
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
Resumo: O presente artigo apresenta breve estudo sobre minha recepção em relação à dramaturgia e encenação da peça A Pior Banda do Mundo, da Cia. dos Outros (São Paulo). Inspirada nos quadrinhos homônimos do artista português José Carlos Fernandes, a obra flerta com gestualidades e modos de operar do Surrealismo (Artes Visuais) e com o Realismo Fantástico (Literatura Latino-americana), ao trair regras e convenções típicas do realismo e naturalismo, usar de colagens, miscelâneas e embaralhamentos de elementos verossímeis e inverossímeis, evocando assim diálogos para fora do âmbito das Artes Cênicas.
Palavras chave: Cia. Dos Outros, colagens, miscelâneas, encenação e dramaturgia, Surrealismo e Realismo Fantástico.
Abstract: The present article presents a brief study about my reception in relation to the dramaturgy and the staging of the play A Pior Banda do Mundo (The worst band of the world), by Cia. Dos Outros (São Paulo). Inspired on the homonym comic strips by the Portuguese artist José Carlos Fernandes, the work flirts with gestures and ways of operation from Surrealism (Visual Arts) and Fantastic Realism (Latin American Literature), when it betrays typical rules and conventions from realism and naturalism, using collage, miscellaneous and entanglement of verisimilar and non verisimilar elements, evoking in this way dialogs to out of the scope of Performing Arts.
Key words: Cia Dos Outros, collage, miscellaneous, staging and dramaturgy, Surrealism and Fantastic Realism.
Acidentes poéticos na topografia carioca
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
Resumo: Este artigo analisa a performance O Confete da Índia, de André Masseno, focalizando seus deslocamentos de tempo e espaço, que reconfiguram a percepção de uma topografia poética no Rio de Janeiro. Atravessada pelo contexto social e cultural do desbunde, nos anos 1970, pela atuação de ícones das linguagens musical, teatral e fotográfica, a performance relê tais referências, trazendo à cena contemporânea uma proposição singular: o desbunde num mundo sem desbunde.
Palavras-chave: êxtase, corpo, desbunde
Abstract: This article analyzes the performance O Confete da Índia, by André Masseno, focusing their time and space dislocations, which refigure the perception of a poetic topography in Rio de Janeiro. Crossed by the social and cultural context of the desbunde era, in the years 1970, by acting icons of musical, theatrical and photographic languages, the performance reread such references, bringing to contemporary scene a singular proposition: the desbunde era in a world without desbunde.
Keywords: extasis, body, desbunde
As pranchas da enciclopédia de Mariano Pensotti
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
Resumo: Análise crítica do espetáculo teatral Cineastas, do dramaturgo e encenador argentino Mariano Pensotti, a partir da ideia de dramaturgo-rapsodo de Jean-Pierre Sarrazac, da montagem como operação cênico-dramatúrgica e em aproximação com a poética da imagem enciclopédica de Roland Barthes. O artigo leva em consideração outros aspectos da montagem teatral como a cenografia e o trabalho dos atores.
Palavras-chave: dramaturgia contemporânea, teatro argentino, dramaturgo-rapsodo, montagem, imagem enciclopédica.
Resumen: Análisis crítico del espectáculo teatral Cineastas, del dramaturgo y director argentino Mariano Pensotti, a partir de la idea del dramaturgo-rapsodico de Jean-Pierre Sarrazac, del montaje como operación escénico-dramatúrgica y en una aproximación con la poética de la imagen enciclopédica de Roland Barthes. El artículo considera otros aspectos del montaje teatral como la escenografía y el trabajo de los actores.
Palabras clave: dramaturgia contemporánea, teatro argentino, dramaturgo-rapsódico, montaje, imagen enciclopédica.
Traducción de Manuel Guerrero :: https://www.questaodecritica.com.br/2014/06/las-laminas-de-la-enciclopedia-de-mariano-pensotti/
Power to the people ou Não duvide de uma vaca

LAIO
(…) Os heróis valentes se espalharam pelos quatro cantos do mundo vivendo muitas aventuras em busca da irmã. Mas certo dia, um dos heróis cansou-se de tanto buscar. Ele falhou. Sentiu-se muito envergonhado com isso. Imaginou que jamais conseguiria voltar para sua terra e encarar seu próprio pai. Então,o herói pediu ajuda a um oráculo que lhe ordenou: “Abandonai imediatamente a busca por vossa irmã. Fundai uma nova cidade e sede rei! Quando encontrardes uma vaca, não duvideis: Segui-a! Seguireis a vaca continuamente e não olhareis para trás. Na terra em que cair a pobre vaca fustigada pelo cansaço vós fundareis uma cidade”. Esta é história desta cidade. A história do pai do pai do pai do pai do papai. Hoje eu sou o rei e um dia será sua vez. (…)
Trecho de Edypop, de Pedro Kosovski
Introdução
Edypop estreou em janeiro de 2014 no Espaço Sesc, em Copacabana, e faz segunda temporada no Espaço Cultural Sergio Porto, na programação do Projeto Entre, em abril. Olhando para o primeiro trimestre de 2014 no teatro carioca, Edypop se destaca, a meu ver, como um dos poucos trabalhados que se dão ao risco no que diz respeito à pesquisa formal.
Aquilo que fica

Para Alexandre Marçal, Naiara Barrozo e Ricardo Freitas
O duelo começa com uma saudação ao respeitável público: o espetáculo vai começar. Com uma referência direta à plateia, situando o dia da apresentação — 6 de março de 2014 —, o espetáculo da mundana companhia, que cumpriu temporada nos meses de fevereiro e março no Teatro Tom Jobim, parece se filiar ao que chamo de uma estética circense. Esta expressão se aplica não tanto pela presença de alguns signos que remetem ao picadeiro (o que de fato se verifica), mas principalmente por possibilitar uma forma de abordar as várias camadas dramatúrgicas do espetáculo. Penso no palco circense como uma maneira de introduzir impressões sobre um trabalho que parece buscar a sensorialidade, a proximidade visceral do público com a história narrada. Uma história que em determinados momentos convida o espectador a dançar com os atores, os quais, por seu turno, muitas vezes estão a centímetros da plateia e frequentemente falam de seus personagens em terceira pessoa, assumindo as vezes de narradores. Para além dessa quebra da quarta parede — em que um espetáculo se declara como espetáculo —, o circo enseja, também, a possibilidade de utilizar desde objetos cotidianos e elementos da cultura popular, até o mais elaborado aparato técnico (que não é sinônimo de tecnológico), com texturas e luzes à la Cirque du Soleil.