Críticas

Transparências das formas de vida

24 de dezembro de 2015 Críticas

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: A crítica de Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos, projeto idealizado por Gabriela Carneiro da Cunha com direção de Georgette Fadel e dramaturgia de Grace Passô, reflete sobre as operações realizadas na peça como reinvenção da memória da Guerrilha do Araguaia.

Palavras-chave: Guerrilha do Araguaia, Mulheres guerrilheiras, corpo, imagem, tempo.

Abstract: This review of Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos, project conceived by Gabriela Carneiro da Cunha directed by Georgette Fadel and written by Grace Passô, reflects on operations made in the play as reinventing the memory of the Araguaia Guerrilla.

Keywords: Araguaia guerrilla, guerrilla women, body, image, time.

 

Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos é fruto de um projeto de Gabriela Carneiro da Cunha que após três anos de captação de recursos e elaboração de pesquisas teve sua estreia em setembro de 2015 na Arena do Espaço Sesc, no Rio de Janeiro. Seu tema resgata a histórica participação de dezessete mulheres na Guerrilha do Araguaia, um movimento guerrilheiro de luta armada contra a ditadura militar no Brasil que aconteceu na região amazônica ao longo do rio Araguaia entre o final dos anos de 1960 e a primeira metade da década de 1970. O movimento contou com a participação de guerrilheiros e moradores da região que aderiram à causa organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

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Aula sobre o realismo ideal

31 de agosto de 2015 Críticas

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: Comentário crítico sobre o espetáculo Aula Magna com Stálin, de David Pownall, encenação de William Pereira, destacando o teor discursivo em torno do realismo socialista.

Palavras-chave: realismo socialista, Stálin, David Pownall

Abstract: This critic review of the play Masterclass (Aula Magna com Stálin), by David Pownall, staged by William Pereira focuses on the discursive aspect of socialist realism.

Keywords: socialist realism, Stálin, David Pownall

 

Déspotas adoram malvadezas ao som de uma bela trilha sonora. Frederico II recebia Bach para jantares à luz de velas e ao som de um cravo bem temperado; Napoleão não dispensava acordes de Beethoven; Hitler costumava ouvir Wagner em seus momentos eufóricos e Stálin, o ditador soviético de origem georgiana, canções populares de sua terra natal. Aula Magna com Stálin, texto de 1983 escrito por David Pownall e encenado por William Pereira, orquestra uma imaginária noite de inverno reunindo quatro figuras chave para a URSS: o cultuado líder de todas as Rússias e Jdanov, seu mais fiel zelador de princípios artísticos, e os compositores Dimitri Shostakóvitch e Sergei Prokofiev. Ao longo de duas horas e meia, entre cálices de vodka e argumentos com uma só direção, eles discutem música. Afinal, como já reconhecera Aristóteles, na Política, “a música é o encanto de todos os prazeres da vida.”

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O terno: Peter Brook e o teatro épico

31 de agosto de 2015 Críticas

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: O artigo discute a encenação da O Terno, com texto de Can Themba e direção de Peter Brook, apresentada no Sesc Pinheiros de São Paulo em abril de 2015. Discute-se a retomada por Brook da concepção de teatro épico, proposta por Bertolt Brecht, e suas consequências para a elaboração de um espetáculo não-trágico.

Palavras-chave: Peter Brook; Bertolt Brecht; teatro épico.

Abstract: The article discusses The Suit, a theater play based on a short story by Can Themba and directed by Peter Brook, staged at Sesc Pinheiros in São Paulo in april 2015. It is discussed how Brook resumes Bertolt Brecht’s conception of epic theater and its consequences for an untragic show.

Keywords: Peter Brook; Bertolt Brecht; epic theater.

 

Por volta de 1968, Peter Brook dizia que qualquer espaço vazio poderia ser tomado como um palco. Um homem cruzando esse espaço enquanto outro o observa seria o suficiente para instaurar uma situação teatral. Assim começava “O espaço vazio”, o principal documento teórico do teatro de Brook (BROOK, 1996, p. 7). Em franca polêmica contra o amplo espectro do teatro de sucesso fácil de sua época, chamado por ele de “mortal” ou “mortífero”, ele confrontava o aparato costumeiro que ainda se entendia como uma aparelhagem sofisticada em concorrência com o cinema. Contra o espetáculo composto por cortinas vermelhas, sala escura e grandes refletores, Brook buscava apoio em mestres como Shakespeare e Bertolt Brecht para defender a eliminação de elementos supérfluos, de máquinas e efeitos cenográficos que sobrecarregam a encenação e desviam a atenção dos componentes básicos. O acento na simplicidade, contudo, não decorria de uma petição de princípio nem de purismo minimalista, muito menos de aversão à técnica, mas da convicção de que a função do teatro possa ser simplesmente abrir espaço e assim criar condições para que algo melhor apareça.

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Ocupação SozinhosJuntos: Samuel Beckett segundo o Coletivo Irmãos Guimarães

31 de agosto de 2015 Críticas

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: O artigo discute três espetáculos da Ocupação SozinhosJuntos, concebida pelo Coletivo Irmãos Guimarães no Sesc Belenzinho de São Paulo: Quadrado, Sopro e Fôlego. O texto busca colocar em questão a relação entre teatro e performance proposta pelo Coletivo, de modo a debater tanto a relação entre as artes quanto a fidelidade ao texto beckettiano em encenações recentes de sua obra.

Palavras-chave: Samuel Beckett; performance.

Abstract: The article discusses three works by the Coletivo Irmãos Guimarães during the Ocupação SozinhosJuntos presented at Sesc Belenzinho in São Paulo: Quadrado, Sopro, Fôlego. It questions the relation between theater and performance art proposed by the artists in order to debate the connection between different art forms as well as the fidelity to Samuel Beckett’s writings in recent stagings of his work.

Keywords: Samuel Beckett; performance.

 

Durante os meses de maio e junho de 2015, o Coletivo Irmãos Guimarães apresentou no Sesc Belenzinho, em São Paulo, um conjunto de encenações, performances e discussões, todas elas tendo por eixo a obra de Samuel Beckett. Com o título inspirado num dos textos encenados (Improviso de Ohio), a Ocupação SozinhosJuntos evidencia a relevância crescente para a cena contemporânea brasileira da confluência de duas trajetórias: a recepção entre nós do escritor e dramaturgo irlandês e o trabalho de pesquisa e encenação levado a cabo pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães. Estabelecidos em Brasília, eles não são de modo algum novatos na exploração da obra de Beckett. Muito pelo contrário, frequentadores obsessivos desse universo, eles são responsáveis por um número respeitável de espetáculos, devidamente documentados no site do Coletivo (www.coletivoirmaosguimaraes.com). Qualquer interessado pode ali conferir o registro de encenações que vão da primeira incursão no teatro de Beckett, com a montagem de Dias Felizes, em 1998, ao reiterado enfrentamento das peças curtas da fase tardia do dramaturgo, entre elas Ir e Vir, Catástrofe, Jogo, Balanço e, mais recentemente, na presente Ocupação, Passos e Improviso de Ohio. Quem assistiu aos espetáculos ou consultou essa documentação, pôde constatar que o trabalho dos Irmãos Guimarães não se resume à encenação dos textos dramatúrgicos de Beckett. Um espetáculo do Coletivo é usualmente composto pela conjunção de encenações das peças e trabalhos próprios, originais, mas que guardam uma profunda relação com a obra beckettiana, desdobrando suas questões num terreno expandido, em que se transita do teatro à performance, com passagens pela dança, pelas artes visuais, pela música e pela literatura. O Coletivo desafia a demarcação rígida dos gêneros e das artes e propõe uma concepção própria de espetáculo.

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A pulsão rapsódica de Octavio Camargo

31 de agosto de 2015 Críticas

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: O projeto Ilíadahomero, criado por Octavio Camargo, tem por objetivo a apresentação integral dos 24 cantos da Ilíada, de Homero, na tradução de Manuel Odorico Mendes, na Grécia, em agosto de 2016. O presente texto propõe uma análise panorâmica da encenação dos dez cantos apresentados no Festival de Curitiba de 2015.

Palavras-chave: Ilíada, Homero, Odorico Mendes, rapsódia

Abstract: The project Ilíadahomero, conceived by Octavio Camargo, has as its main goal the fully presentation of the 24 chants of Homer´s Iliad, from the Brazilian translation by Manuel Odorico Mendes, in Greece, August 2016. This text proposes a panoramic analysis of the ten chants presented in the Festival of Curitiba in 2015.

Keywords: Iliad, Homer, Odorico Mendes, rhapsody

 

O modo como o ensaio se apropria dos conceitos seria comparável ao comportamento de alguém que, em terra estrangeira, é obrigado a falar a língua do país, em vez de ficar balbuciando a partir das regras que se aprendem na escola. Essa pessoa vai ler sem dicionário. Quando tiver visto a mesma palavra trinta vezes, em contextos sempre diferentes, estará mais segura de seu sentido do que se tivesse consultado o verbete com a lista de significados, geralmente estreita demais para dar conta das alterações de sentido em cada contexto e vaga demais em relação às nuances inalteráveis que o contexto funda em cada caso.

Theodor Adorno, “O ensaio como forma”

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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