Autor Helena Mello
Nelson Rodrigues: de crítico a criticado – Um melodrama do teatro brasileiro
Introdução
Machista, tarado, reacionário. Estes são apenas alguns dos adjetivos atribuídos a Nelson Rodrigues. Porém, independentemente da opinião daqueles que ajudaram a construir esta visão tão pejorativa, ele foi considerado o primeiro a colocar no palco a vida cotidiana do subúrbio carioca, abrindo caminho para o uso coloquial da língua e inovando as temáticas dos textos teatrais. Nelson Rodrigues é conhecido como escritor, dramaturgo, cronista social e esportivo.
Luiz Arthur Nunes, diretor e pesquisador do melodrama na obra de Nelson afirma que a sua geração achava um sacrilégio trazer dados biográficos para a análise da obra. No entanto, quando se trata deste autor, esta regra há muito foi quebrada. Ao resgatar fatos familiares e profissionais de Nelson Rodrigues, muitos temas que são constantemente expostos nas suas obras fazem sentido. As tragédias, a morte e as traições, assim como a censura e a crítica vão estar presentes em sua vida desde cedo.
A complexidade do improviso posta à prova
De Porto Alegre
No espetáculo Tá e aí? da companhia gaúcha Clube da Patifaria, logo no início, a relação palco e platéia se estabelece e começam os jogos. Cabe ao espectador determinar aspectos da cena, como por exemplo: o lugar. Para quem fez práticas teatrais esta proposta não é nova, mas, a maneira como vai se apresentando impressiona. Exatamente por reconhecê-las, é possível saber o grau de complexidade de algo que parece banal. Afinal, improvisar é uma das premissas de quem faz teatro, mas, como exercício, testa o ator. Rapidez no raciocínio, disponibilidade, coragem de encarar cada desafio. A exposição do ator ao inusitado induz ao riso.
Identidade Shakespeare
Sofia Salvatori grávida. Até aí nada. Mulheres engravidam. No entanto, encontrá-la assim atuando no espetáculo A comédia dos erros me fez pensar no que significa, mais uma vez, ser atriz. Afinal, quando o espetáculo estreou em abril de 2008, na comemoração dos 20 anos da Cia Stravaganza, gerar uma nova vida não estava nos seus planos. Assim surgiram reflexões sobre a dinâmica da existência e as relações familiares, o que, aliás, são também assuntos da peça. Vencedora da terceira edição do Prêmio Braskem Em Cena, Comédia dos Erros voltou em cartaz no Porto Verão Alegre em curta temporada.
Escrita por William Shakespeare, foi atualizada pela direção de Adriane Mottola que utilizou a tradução de Bárbara Heliodora e manteve a peça em versos. Considero este um dos pontos fortes da peça. Os atores apropriaram-se de cada palavra, o que faz com que o público não estranhe a poesia dramática de 500 anos atrás. Foi uma escolha arriscada tendo em vista que sua proposta era contemporaneizar o autor, o que a diretora conseguiu sem exageros. O contraste pode parecer equívoco para alguns e tornar ainda mais interessante para outros. Não importa. A atuação do elenco vale a pena.
A cultura e a arte no ciberespaço
Introdução
Com o aparecimento da internet, surgiram novos formatos de divulgação de informações. Os veículos de comunicação migraram para este novo meio, criando espaços de interação com seus públicos. Grandes portais oferecem a cada dia mais serviços aos seus usuários. Os meios virtuais não apresentam os mesmos problemas de restrição ou censura dos meios impressos, ampliando a possibilidade de relações entre temas. Além do mais, agrega-se a isso os vínculos com as produções audiovisuais.
Ao mesmo tempo, o teatro sofreu mudanças importantes, abrindo espaço para propostas que incluem muitos outros elementos, além do texto, dificultando uma análise crítica, até então, basicamente, literária. No mundo contemporâneo, os dramaturgos e encenadores se permitem construir, reconstruir e criar propostas cênicas que antes não eram sequer imaginadas. Enquanto isso, a crítica foi perdendo seu espaço nos jornais e sendo substituida pelas agendas de espetáculos, priorizando os aspectos comerciais. Blogs, colunas, comunidades de Orkut etc, são alguns dos novos formatos para a circulação da opinião. A cultura passou a ser mais um negócio no mundo capitalista. Todos estes novos procedimentos e códigos exigem um novo olhar, uma nova relação com a arte.