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Memórias de Yan
Fátima Saadi é tradutora e dramaturgista da companhia carioca Teatro do Pequeno Gesto, no âmbito da qual edita a revista Folhetim e a coleção Folhetim/Ensaios.
Agradeço o gentil convite que me foi feito por Dani Ávila e Dinah Cesare para abrir o Iº Encontro Questão de Crítica, com uma fala em memória de Yan Michalski.
Num primeiro momento, confesso que hesitei em aceitar: já há uma pequena fortuna crítica sobre o trabalho de Yan e talvez fosse mais proveitoso para a plateia ouvir diretamente aqueles que se dedicam a esse estudo.
Por outro lado, alguma coisa me chamava. Talvez uma certa nostalgia dos meus tempos de estudante, quando, no fim dos anos 70, fui aluna de Yan na disciplina de Crítica Teatral na então Fefieg, atual Unirio. Com certeza saudades das nossas muitas idas ao teatro, do humor afiado, do carinhoso rigor com que Yan nos exigia o cumprimento das tarefas, com as quais nos comprometíamos, da incrível generosidade com que ele nos tornava parceiros nos trabalhos e iniciativas, do carinho com que acompanhava nossa vida pessoal e profissional.
O declínio da crítica na imprensa brasileira
Esse texto foi publicado originalmente nos Cadernos de Teatro do Tablado, na edição de número 100, de janeiro/junho de 1984.
Quando, em 1963, fui fazer minha estréia como crítico do Jornal do Brasil, ouvi um solene sermão do então Secretário do Caderno B, Nonato Masson, sobre a responsabilidade que eu estava assumindo. Ele me dizia que a página 2 do Caderno, que na época reunia diariamente as diversas colunas especializadas em arte e cultura, era uma espécie de menina dos olhos do jornal; que por ela haviam passado alguns dos mais brilhantes expoentes do jornalismo brasileiro; que a empresa era particularmente exigente na escolha dos colaboradores dessa página de enorme prestígio; e, portanto, que eu teria de caprichar muito para mostrar-me à altura dessa admirável tradição.